O Tour arranca com um favorito e vários pretendentes

A Volta a França em bicicleta inicia-se nesta sexta-feira, na Dinamarca. Tadej Pogacar é o homem a abater pelo pelotão onde haverá dois portugueses.

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Pogacar é o homem que todos querem bater no Tour EPA/CHRISTOPHE PETIT-TESSON

Haverá certamente vento, que nos dias iniciais da Volta a França costuma ser o principal adversário dos ciclistas; haverá o exigente pavet, do Paris-Roubaix; haverá os regressos do Col de Granon e do Alpe d'Huez no que às montanhas diz respeito; e haverá um claro favorito à vitória final, Tadej Pogacar, com um extenso rol de pretendentes ao trono que pertence ao esloveno desde há dois anos. O Tour de 2022, que começa hoje, promete espectáculo. A principal ameaça será (ainda) a covid-19.

Aos 23 anos, Pogacar parte como o principal candidato ao triunfo no Tour. O homem forte da UAE Emirates, surge nesta Volta a França pleno de confiança e, desta vez, pelo menos em teoria, com homens capazes de o apoiarem no que ele precisar: Marc Soler e George Bennett. A questão é se ele vai precisar…

Como principais adversários do esloveno surgem o seu compatriota Primoz Roglic e o dinamarquês Jonas Vingegaard, ambos da Jumbo Vismo; o russo Alexander Vlasov (Bora–Hansgrohe), ou o colombiano Daniel Felipe Martínez (INEOS).

A Jumbo Vismo é de onde Pogacar e a UAE Emirates podem esperar mais dificuldades. Primoz Roglic é o líder e tem um currículo que fala por si: foi segundo no Tour de 2020 e venceu as últimas três edições da Vuelta. E aos 32 anos esta pode muito bem ser a sua última oportunidade para ganhar um Tour. Mas caso o plano Roglic falhe a Jumbo Visma pode contar com Jonas Vingegaard. O dinamarquês pareceu estar em melhor forma do que Roglic no Critério do Dauphiné, apesar do triunfo do esloveno. O escandinavo foi segundo na prova e “rebocou” o líder na última etapa, que venceu. E vai querer provar, em 2022, que o segundo lugar de 2021 no Tour, não foi um mero acaso.

Depois há Alexander Vlasov. O ciclista russo da Bora-hansgrohe está a ser uma das revelações da temporada. Venceu a Volta à Romandia e a Valência e a seu lado terá quem o possa ajudar como Lennard Kämna ou Max Schachmann.

A INEOS é outra das equipas bem apetrechadas para dar luta à UAE Emirates e a Pogacar. O colombiano Daniel Felipe Martínez parece que assumirá o estatuto de chefe-de-fila, mas há também que contar com o britânico Geraint Thomas, que sabe o que é vencer um Tour. E depois há ainda Adam Yates, caso tudo o resto falhe.

O belga Wout van Aert deve ser um dos protagonistas no arranque do Tour, face às características das primeiras etapas. Ele e o seu compatriota Mathieu van der Poel, embora o primeiro esteja mais limitado do que o segundo nas suas ambições pois está subordinado ao objectivo maior de levar Roglic à vitória.

E os portugueses?

Num Tour que começa com um dos dois contra-relógios previstos (o outro é na penúltima tirada) falta dar nota do que se pode esperar dos sprinters puros. Com, pelo menos, seis etapas com um perfil apropriado para eles brilharem, o neerlandês Fabio Jakobsen tem vindo a justificar as razões que levaram a Quick-Step a deixar o britânico Mark Cavendish de fora deste Tour... Mas há ainda o australiano Caleb Ewan (Lotto), o eslovaco Peter Sagan (Total Energies), o belga Jasper Philipsen (Alpecin) ou o neerlandês Dylan Groenewegen (BikeExchange).

E os portugueses? Talvez seja injusto para os que estão começar por falar dos que não vão estar, mas dois dos melhores da actualidade estarão ausentes, ou seja, nem João Almeida, nem Rui Costa vão correr o Tour. A defender as cores nacionais estarão Nelson Oliveira (Movistar) e Rúben Guerreiro (EF).

Dos dois, é Rúben Guerreiro quem poderá ter mais ambições. Tem conseguido bons desempenhos esta temporada, destacando-se o triunfo na clássica do Mont Ventoux e a vitória em, pelo menos, uma etapa é algo que, certamente, lhe estará na mente.

Última palavra para o regresso de Chris Froome. Quatro vezes vencedor do Tour, a apenas um triunfo de alcançar o estatuto de Anquetil, Hinault, Merckx e Induraín, o ciclista britânico é uma incógnita.

“Chego um pouco à descoberta. Darei o meu melhor para ajudar a equipa e se isso significar ir à procura de uma vitória de etapa, tentarei fazê-lo”, disse o veterano da Israel-Premier Tech.

Para quem, para além dos quatro triunfos (2013, 2015, 2016 e 2017), foi ainda uma vez “vice” (2012) e outra terceiro (2018), ganhou sete etapas e a camisola da montanha (2015), os objectivos parecem modestos. Mas a verdade é que Froome já tem 37 anos e ainda está a recuperar da queda que sofreu durante o reconhecimento do contra-relógio do Critério do Dauphiné, em Junho de 2019, e na qual fracturou o fémur, o cotovelo direito e várias costelas.

“É um feito enorme regressar à competição depois daquela queda péssima. Só nos últimos meses, durante a preparação para o Tour, é que me senti livre de todos os problemas, mas tenho a impressão que, entre Janeiro e agora, estou numa trajectória ascendente”, reconheceu em conferência de imprensa.

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