Casos confirmados triplicaram na Europa nas últimas duas semanas

Quase 90% dos casos confirmados até ao momento localizam-se na Europa, onde estão também os países com mais casos: Reino Unido, Alemanha, Espanha, França e Portugal.

Foto
A Organização Mundial da Saúde já anunciou que irá ser marcada nova reunião do Comité de Emergência para reavaliar se este surto é uma emergência de saúde pública Reuters/DADO RUVIC

O número de infecções pelo vírus Monkeypox triplicou nas últimas duas semanas na Europa, onde já foram confirmados em laboratório mais de 4500 casos em 31 países, anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS). “A região europeia da OMS representa quase 90% de todos os casos confirmados globalmente em laboratório e reportados desde meados de Maio”, alertou o director da organização para a Europa, Hans Kluge, em comunicado.

Desde 15 de Junho, seis novos países e territórios reportaram casos de infecção por varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX), adiantou Hans Kluge, que apelou às autoridades nacionais para que “reforcem os esforços nas próximas semanas e meses para impedir que o VMPX se estabeleça.” Segundo os últimos dados da Direcção-Geral da Saúde, divulgados esta quinta-feira, Portugal tem 402 casos confirmados, todos homens entre os 19 e os 61 anos, que se mantêm em acompanhamento clínico, encontrando-se estáveis.

De acordo com o responsável europeu da OMS, embora na última semana o Comité de Emergência da OMS tenha considerado que o surto não constitui, nesta fase, uma emergência internacional de saúde pública, a “rápida evolução” dos casos indicia que este organismo vai reavaliar essa posição em breve. O director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, já anunciou que vai reunir novamente o Comité de Emergência, faltando anunciar a data desse encontro.

Portugal é um dos cinco países com mais casos em todo o mundo. Todos os países são europeus, com o Reino Unido já com mais de um milhar de casos confirmados (1076). Seguem-se Alemanha (969), Espanha (800), França (440) e Portugal (402).

Avaliar o risco

“A OMS continua a avaliar o risco de VMPX na região europeia como elevado, dada a ameaça continuada à saúde pública e a rápida expansão da doença, com obstáculos a dificultar a nossa resposta e com casos adicionais a serem relatados entre mulheres e crianças”, destacou Hans Kluge. O director da OMS para a Europa adiantou ainda que a maioria dos casos reportados até agora têm sido registados em pessoas entre os 21 e os 40 anos de idade, 99% das quais homens, a maioria dos quais que fazem sexo com homens, não tendo sido registada qualquer morte devido à infecção. Um reduzido número de casos também foi registado entre membros dos mesmos agregados familiares, entre contactos heterossexuais e contactos não sexuais, bem como entre crianças.

A grande maioria dos casos tem apresentado erupção cutânea e cerca de três quartos relataram sintomas sistémicos tais como febre, fadiga, dores musculares, vómitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça, adiantou a OMS. Perante a evolução da doença, “simplesmente não há espaço para complacências, especialmente na região europeia com o surto em rápida mudança e numa doença que a cada hora, dia e semana está a alargar o seu alcance a zonas anteriormente não afectadas”, alertou Hans Kluge.

De acordo com o director europeu da organização, os países devem aumentar rapidamente a vigilância, incluindo a sequenciação do vírus, e reforçar a capacidade de diagnosticar e responder à doença, assim como transmitir às comunidades afectadas e à população em geral as informações de forma compreensível. “Em terceiro lugar, e não menos importante, abordar o surto de VMPX requer um compromisso político firme complementado por investimentos sólidos em saúde pública”, salientou Hans Kluge, para quem a “transparência anda de mãos dadas com a confiança do público”.

Sugerir correcção
Comentar