Hospital de Santa Maria admite carências, mas garante que UCI para doentes respiratórios não vai encerrar

Presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte não confirma a nota do Sindicato dos Médicos da Zona Sul que dizia que serviço ia encerrar durante esta quinta-feira.

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Hospital de Santa Maria, em Lisboa Diego Nery

Esta quinta-feira começou com o Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) a assumir, numa nota enviada às redacções, que a Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) Respiratórios do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, uma das maiores e mais importantes do país, iria encerrar durante o dia de hoje, 30 de Junho por não ter sido possível garantir o número mínimo de médicos de forma a manter o serviço em funcionamento. A meio da tarde, o presidente ​do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte assimiu que existem carências, mas garantiu que não está previsto nenhum encerramento.​

Segundo o mesmo sindicato, já em 2022, formaram-se, neste hospital, três médicos especialistas em pneumologia, mas apenas foi aberta uma vaga. “Trata-se de uma incapacidade de gestão de recursos humanos, que teria possivelmente evitado este desfecho”, sublinha o SMZS, para quem “esta gestão danosa estende-se desde o Conselho de Administração, que não previu nem evitou esta situação, até ao Governo, ao não tomar medidas que efectivamente garantam um sério investimento no Serviço Nacional de Saúde e as condições de trabalho e remuneratórias para os médicos”.

Ao PÚBLICO, fonte do gabinete de comunicação do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, ao qual pertence o hospital de Santa Maria, respondeu que “está em curso um projecto de reorganização e modernização do Departamento de Pneumologia do Centro, no sentido de reforçar as áreas de diferenciação e criar novas áreas em linha com o que de mais moderno se faz nos grandes centros de Pneumologia, sendo nesta altura prematuro falar em decisões finais”.

Ainda assim, a mesma fonte informou que a Unidade de Cuidados Especiais em causa, situada no Hospital de Santa Maria, continuará em actividade na dependência do Serviço de Pneumologia do CHULN. “O Serviço de Pneumologia do CHULN conta com duas Unidades de Cuidados Especiais. É importante sublinhar que a capacidade de resposta a doentes críticos, nomeadamente respiratórios, não sofrerá alterações no CHULN”, explica fonte do centro hospitalar.

Concentração numa só unidade

Já depois desta notícia inicial ter sido publicada, o presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte esclareceu que não está previsto o encerramento de nenhuma unidade de cuidados especiais na área da pneumologia, assegurando ainda que a resposta aos doentes críticos está assegurada. “A única coisa que vai acontecer é uma reconversão das nossas unidades de forma a dar resposta a todos e às mesmas necessidades que existiam”, sublinhou o presidente do conselho de administração do centro hospitalar.

O centro hospitalar tem em curso um projecto de reorganização e modernização do Departamento de Pneumologia, para “reforçar as áreas de diferenciação e criar novas áreas em linha com o que de mais moderno se faz nos grandes centros de Pneumologia, sendo nesta altura prematuro falar em decisões finais”, refere o CHULN.

“Nós temos duas unidades de cuidados especiais. O que vai acontecer é que nós vamos concentrar os doentes mais graves numa delas e os doentes não tão graves na outra”, mas, disse, “não há nenhum encerramento de unidades de cuidados especiais na área da pneumologia”.

Portanto, sustentou, “em terminologia de cuidados intensivos isto significa que, em vez de termos duas unidades, em que qualquer delas tem doentes de nível três e nível dois, o que vamos fazer é uma reconversão em que numa estão internados preferencialmente os doentes de nível três e na outra, preferencialmente, os doentes de nível dois”.

Questionado se o hospital tem carências de especialistas nesta área, o responsável afirmou que sim.

“Efectivamente, temos carências de médicos de pneumologia e, portanto, a expectativa que tínhamos era de apenas, através de um concurso, poder supri-la, mas provavelmente não vai ser suficiente e, portanto vamos ter, além do concurso, que encontrar mais recursos para podermos contratar e é isso que está a acontecer e, em princípio, acho que teremos pelo menos mais uma situação identificada”, adiantou Daniel Ferro.

*Notícia actualizada às 17h com as declarações do presidente do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte​.

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