Decisão do Supremo dos Estados Unidos dificulta combate às emissões de CO2

A Casa Branca considerou a decisão “devastadora” e o Presidente Joe Biden prometeu que “não hesitará” em utilizar os poderes que lhe foram conferidos para “proteger a saúde pública e combater a crise das alterações climáticas”.

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Joe Biden prometeu que “não hesitará” em utilizar os poderes que lhe foram conferidos para “proteger a saúde pública e combater a crise das alterações climáticas” Reuters/TOM BRENNER

O Supremo Tribunal norte-americano limitou esta quinta-feira a acção da Agência de Protecção Ambiental (EPA, na sigla inglesa) na regulação das emissões de dióxido de carbono das centrais eléctricas, considerada essencial para o combate à crise climática.

A decisão, num voto 6-3 tomado pela maioria conservadora do Tribunal, determina que a legislação antipoluição Clean Air Act não pode ser usada pela EPA para regular as emissões de gases com efeito de estufa provenientes das centrais eléctricas. A Casa Branca considerou a decisão “devastadora” e o Presidente Joe Biden prometeu que “não hesitará” em utilizar os poderes que lhe foram conferidos para “proteger a saúde pública e combater a crise das alterações climáticas”.

O presidente do Supremo, John Roberts, assinou a opinião que justificou a determinação judicial no caso 20-1530, opondo o estado da Virgínia Ocidental à EPA. Roberts escreveu que “limitar as emissões de dióxido de carbono a um nível que forçará uma transição nacional em abandono do uso de carvão para gerar electricidade pode ser uma solução sensata para a crise”, mas discordou do método.

O Supremo, adianta, não considera que a EPA tenha legitimidade para fazer isto sem um mandato específico dos legisladores. “Uma decisão de tal magnitude e consequência pertence ao Congresso ou a uma agência que aja em conformidade com uma clara delegação desse organismo representativo”, indicou a decisão assinada por John Roberts.

O objectivo declarado do Presidente Joe Biden é cortar para metade as emissões com efeito de estufa até ao final da década, sendo que as centrais eléctricas contribuem em cerca de 30% para as emissões globais.

A juíza progressista Elena Kagan expressou a sua divergência numa nota onde acusa a decisão de retirar à EPA o poder que o congresso lhe deu para responder ao que considera ser “o desafio ambiental mais urgente dos nossos tempos”.

Kagan escreveu também que, com esta determinação, o Tribunal está a assumir-se como decisor em política ambiental, ocupando indevidamente o lugar de uma agência de especialistas como é a EPA e do próprio Congresso. “Não consigo pensar em muitas coisas que sejam mais assustadoras”, escreveu a juíza.

Do outro lado, a procuradoria-geral do Texas, um dos estados que apoiou o processo interposto pela Virginia Ocidental, celebrou a decisão do Supremo como uma “vitória significativa para a independência energética, eficiência e economia”. O fecho do ano judicial do Supremo incluiu também uma decisão favorável à administração Biden, confirmando a legalidade da anulação de um decreto migratório do seu antecessor.

O decreto da era Trump enviava para o México os migrantes com pedidos de asilo pendentes e Joe Biden terminou essa prática. O Tribunal, num voto 5-4, determinou que a decisão da administração democrata é legal. O Supremo devolveu também a instâncias judiciais inferiores vários casos relativos a armas, instruindo os tribunais a reavaliarem os processos à luz de novas orientações.

Estes processos são referentes a restrições ao porte de arma e à capacidade das armas na Califórnia, Havai, Nova Jersey e Maryland e poderão ser revistos após o Supremo ter revogado a lei de Nova Iorque, que restringia o porte de arma em público.

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