Loureiro, vinhos com extraordinária longevidade

A pedido do Terroir, na adega de Anselmo Mendes, provaram-se as colhetas de Muros Antigos Loureiro desde 2005. Equilíbrio e qualidade surpreenderam até o produtor.

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Paulo Pimenta

Há um ano, em Junho de 2021, quando a Quinta do Ameal promoveu uma prova para assinalar os 20 anos dos seus vinhos, o Loureiro de 2003 surpreendeu pela riqueza aromática, complexidade, intensidade, frescura e prolongamento de boca. Um vinho cativante no brilho da sua cor dourada, rico nos aromas de mel e toranja, cheio de camadas e ainda firme e vigoroso.

Não foi o único, destacando-se igualmente o equilíbrio e intensidade da colheita de 2011, a intensidade e a frescura cítrica de 2016, a frescura e os aromas apetrolados do Escolha 2011, mas o 2003 era o mais antigo, sem sinais de evolução, a destacar ainda as virtudes de juventude da casta.

Uma harmonia e integridade que é transversal à generalidade das colheitas mais antigas, que igualmente ressaltou como nota geral na prova agora proporcionada por Anselmo Mendes. Provaram-se as colheitas do Muros Antigos Loureiro desde 2005, o vinho de entrada da casta, e o nível geral de equilíbrio e qualidade foi capaz de surpreender até o próprio criador.

Entusiasmante mesmo a garrafa de 2009. Um vinho fresco, denso e rico, envolvente e com uma prodigiosa harmonia. Um deleite e um desafio para os sentidos, já que a cada vez ia soltando renovadas sensações e aromas. Numa envolvência rica e saborosa, sempre coberta por um manto de frescura macia, sem evidência ácida.

Uma promessa de vida longa e enriquecimento que se torna ainda mais evidente em colheitas como 2011, 2012 ou 2016, independentemente das manifestações mais ou menos intensas dos aromas apetrolados, das notas frutadas ou florais que em muitos casos ainda preservam. Estes Loureiro anunciam vida e juventude em todas as suas componentes.

Provaram-se também as colheitas desde 2017 do Private Loureiro, que atiram a casta para outro patamar de estrutura e complexidade, sobretudo a colheita de 2021 (ainda em amostra de cuba), com uma amplitude de frescura e mineralidade salina claramente diferenciadoras.

À imagem do Alvarinho, Anselmo Mendes tem também um Tempo Loureiro, um vinho de curtimenta que é já um dos pesos pesados dos brancos nacionais. Um branco raçudo, fresco, limpo, cheio de sabor e até com um rasto tânico que lhe conferem grande amplitude gastronómica. Temos vinho!

A bomba, e o termo adequado é mesmo este, é um Loureiro da colheita de 2020 que será o topo de gama. Já está em garrafa mas ainda não tem rótulo. Tal como o Private 2021 (ainda em cuba), vem da Quinta da Ferreira, uma vinha em patamares ensolarados e bem arejados, solo franco arenoso de grande porosidade e a uma cota mais elevada, que promete fazer escola.

Vinhas de Loureiro em Paço d'Anha, Vinha do Castelo. Paulo Pimenta
A pedido do Terroir, provou-se o vinho Muros Antigos desde a colheita de 2005. Paulo Pimenta
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Vinhas de Loureiro em Paço d'Anha, Vinha do Castelo. Paulo Pimenta

Além dos 50 hectares de Loureiro, Anselmo Mendes já plantou também nesta quinta uma parcela com as castas tintas antigas da região. São sete hectares com castas como o Alvarelhão, o Pedral e o Verdelho Feijão, que prometem vinhos igualmente distintivos.

Quanto ao prodigioso envelhecimento dos Loureiro, é de notar que se manifesta de igual modo em vinhos mais simples, e mesmo quando associam outras castas. Na loja da Aveleda ainda se podem adquirir colheitas da década passada do Loureiro e Alvarinho, de que nos ficou na memória a evolução virtuosa, salvo erro, da colheita de 2012.

Mostram-se igualmente, frescos, ricos e harmoniosos, o blend de Loureiro e Arinto de 2015 da Casa de Paços e o Maria Papoila da Lua Cheia, do mesmo ano e que incorpora 20% de Alvarinho. Mas destes, já não há mais.

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