Receios de recessão global atiram bolsas e petróleo para terreno negativo

Mensagem deixada pelos bancos centrais no encontro de Sintra agrava sentimento negativo nos mercados. A estratégia para controlar a inflação ameaça atirar a economia global para nova recessão.

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Reuters/BRENDAN MCDERMID

Os mercados accionistas europeus concluíram o primeiro semestre com o pior desempenho desde o surgimento da pandemia, e os três principais índices norte-americanos estão a caminho de registar sua segunda queda trimestral consecutiva pela primeira vez desde 2015.

A dominar o sentimento dos investidores está o receio de uma recessão global na sequência da ofensiva militar desencadeada pela Rússia na Ucrânia e de todas as consequências que a guerra está a gerar nos preços dos bens alimentares e da energia, que estão a levar os bancos centrais a subir as taxas de juro. As declarações do presidente russo, Vladimir Putin, sobre a adesão da Finlândia e da Suécia à NATO também não ajudaram a serenar os mercados.

A bolsa de Lisboa abriu a cair mais de 1%, tendência que foi mais acentuada no maior índice alemão, o DAX, que chegou a cair ligeiramente acima de 2%. Outros índices europeus também iniciaram a sessão com perdas superiores a 1%. Os principais índices europeus acabaram por encerar igualmente negativos, com a bolsa de Lisboa a cair 1,42%, acompanhando as desvalorizações de 2,45% da praça italiana, de 1,80% da francesa, ou 1,69% da alemã.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou o segundo trimestre com uma desvalorização de 10,7%.

As bolsas norte-americanas também abriram negativas, e o S&P 500 deverá terminar o primeiro semestre com o pior desempenho desde 1970, sinaliza a Reuters. Com o Dow Jones e o Nasdaq, os três principais índices norte-americanos estão a caminho de registar sua segunda queda trimestral consecutiva, o que acontece pela primeira vez desde 2015.

A cotação do petróleo também abriu em queda, acentuando essa tendência após o anúncio da OPEP+, liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, que confirmou esta quinta-feira que, em Agosto, vai aumentar o fornecimento de petróleo em 648.000 barris de petróleo bruto por dia, para um total de 43,85 milhões de barris por dia. Contudo, a organização dos países produtores nada adiantou sobre a produção para Setembro.

O Brent, petróleo do Mar do Norte que é referência para a Europa, segue a negociar 115,01 dólares, menos 1% que na sessão de ontem, e o crude West Texas Intermediate (WTI), referência para os Estados Unidos, cai mais de 2%, para 107,1 dólares, numa altura em que se aguardam as conclusões da reunião dos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

As posições assumidas pelos bancos centrais, no encontro que terminou esta quarta-feira em Sintra, não são animadoras, nomeadamente quando assumem que o actual nível elevado da inflação, mesmo que seja controlado, não vai ser possível reverter nos próximos tempos. As perspectivas, no médio prazo, para a evolução dos mercados do petróleo e do gás natural são igualmente negativas.

Notícia actualizada às 18h20 com mais informação

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