Inflação acelera para 8,7%, com preços da energia a dispararem mais de 30%

Os preços dos produtos energéticos aumentaram mais de 30% e os produtos alimentares encareceram quase 12%, levando a taxa de inflação homóloga a fixar-se em 8,7% em Junho.

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daniel rocha

Os preços voltaram a acelerar em Junho, depois de já terem aumentado 8% em Maio, e a inflação tocou em novos máximos nesse mês. Segundo a estimativa rápida publicada esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação homóloga terá sido de 8,7% em Junho, naquele que, a confirmar-se, será o valor mais elevado em quase 30 anos. No mês em análise, os preços dos produtos energéticos aumentaram mais de 30% e os produtos alimentares encareceram quase 12%.

De acordo com os dados publicados esta manhã pelo INE, a taxa de variação homóloga registada no Índice de Preços no Consumidor (IPC) em Junho deste ano será a mais elevada desde Dezembro de 1992. Mantém-se, assim, a tendência de escalada de preços iniciada em meados do ano passado, que tem vindo a agravar-se desde o início deste ano, devido ao impacto da guerra na Ucrânia sobre os produtos energéticos e alimentares.

A contribuir para este movimento estiveram, à semelhança do que tem acontecido nos meses anteriores, os produtos energéticos e os produtos alimentares. No mês em análise, o índice relativo aos produtos energéticos terá registado uma variação de 31,7%, uma aceleração face à taxa de 27,3% que tinha sido registada no mês anterior e o valor mais elevado desde Agosto de 1984.

Esta evolução dos preços dos produtos energéticos é registada numa altura em que os combustíveis estão cada vez mais caros. Por esta altura, segundo os dados da Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o preço médio da gasolina simples em Portugal Continental é de 2,101 euros por litro, enquanto o do gasóleo simples é de 2,062 euros por litro. Em relação ao início deste ano, estes são valores que representam aumentos de 26%, no caso da gasolina, e de 38%, no caso do gasóleo.

O índice referente aos produtos alimentares não transformados, por seu lado, terá apresentado uma variação de 11,9% em Junho, semelhante ao crescimento de 11,6% que já tinha sido registado em Maio. Para esta evolução tem contribuído, nos últimos meses, a guerra na Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de produtos como o trigo ou o milho, dois bens alimentares que têm visto os preços aumentarem a ritmo acelerado.

Mesmo sem o contributo dos combustíveis e dos alimentos, o aumento dos preços é evidente na generalidade dos produtos. Em Junho, o indicador de inflação subjacente (que não inclui os produtos energéticos e alimentares) terá registado uma variação de homóloga de 6%, uma aceleração face à taxa de variação de 5,6% verificada em Maio e o valor mais elevado desde Maio de 1994.

Já o índice harmonizado de preços no consumidor (aquele que é calculado com a mesma metodologia em todos os países da zona euro e que serve para as comparações entre países) terá registado uma variação homóloga de 9% em Junho, o que também representa uma aceleração face aos 8,1% observados em Maio. Os dados para a zona euro, publicados pelo Eurostat, serão divulgados esta sexta-feira.

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