OMS anuncia nova reunião do Comité de Emergência. Portugal ultrapassa os 400 casos

O director-geral da Organização Mundial da Saúde mostrou-se preocupado com a potencial transmissão do vírus da varíola-dos-macacos a pessoas com maior risco: grávidas, crianças e pessoas imunodeprimidas

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O Comité de Emergência descartou, no último domingo, considerar este surto como uma emergência de saúde pública Reuters/JOHANNA GERON

O Comité de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) vai voltar a reunir. A justificação para este novo encontro urgente está na preocupação demonstrada pelo director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyeus, devido ao aumento do número de casos confirmados de varíola-dos-macacos e à potencial transmissão para grupos de risco – crianças, grávidas e pessoas imunodeprimidas. Portugal ultrapassou esta quinta-feira os 400 casos confirmados.

A marcação de nova reunião do Comité de Emergência pode significar uma nova posição face à decisão do passado domingo de não considerar o surto de varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX) como uma emergência internacional de saúde pública. No comunicado enviado pela OMS este domingo, o comité aconselhava a que o surto fosse monitorizado e pudesse haver uma revisão dentro de algumas semanas.

Ora, o director-geral da OMS antecipa agora esta possível revisão: “Também aconselharam que os devo convocar com base na evolução da situação. É o que vou fazer”. A eventual recomendação de considerar esta uma emergência de saúde pública é sobretudo simbólica. Não existem medidas adicionais ou maior financiamento. Esta acção permitia soar o alarme, reforçar a atenção dos estados-membros e, possivelmente, aumentar as orientações publicadas pela OMS.

Até este ano só foram declaradas seis emergências internacionais, todas após 2009: covid-19 (2020), surto de ébola na República Democrática do Congo (2019), zika (2016), surto de ébola na África Ocidental (2014), e a pandemia da gripe com vírus H1N1 (2009). Como observado nos casos anteriores, a declaração não desbloqueia novas medidas ou financiamento, mas oficializa a posição da OMS de que este é um surto internacional, com necessidade de cooperação além-fronteiras.

A principal preocupação é mesmo a transmissão para grupos com maior risco de desenvolver doença grave, aponta Tedros Adhanom Ghebreyeus: “Estou preocupado com a transmissão porque sugere que o vírus está a estabelecer-se e pode deslocar-se para grupos de alto risco, incluindo crianças, pessoas imunodeprimidas e grávidas.”

Portugal ultrapassa os 400 casos

A Direcção-Geral da Saúde confirmou esta quinta-feira mais 11 casos em Portugal, somando 402 no total. O surto actual de VMPX aproxima-se dos 5000 infectados em mais de 40 países onde o vírus não está presente habitualmente – na maioria dos países é mesmo a primeira vez que é detectada a doença.

Todos os casos em Portugal foram diagnosticados em homens, a maioria com menos de 40 anos. A incidência dos casos de VMPX em homens corresponderá aos locais de exposição já conhecidos em Portugal e divulgados pela DGS: saunas para encontros sexuais e viagens ao exterior. Estes focos de exposição propiciaram um maior contacto próximo que terá desencadeado este surto – não se sabe, no entanto, a origem do vírus em Portugal.

Ao longo deste final de Junho, Portugal deveria receber as 2700 doses de vacinas de terceira geração, contratualizadas pela Comissão Europeia para os países-membros. No entanto, até esta quinta-feira não há data prevista para a recepção das mesmas. A Espanha recebeu, esta terça-feira, as suas 5300 doses sendo o primeiro país – e único até ao momento – a receber as vacinas.

A Europa regista o maior número de casos, com quase 85% dos infectados localizados nesta região. Portugal é um dos seis países em todo o mundo com mais de 300 casos confirmados, a par do Reino Unido (com 1076 confirmados), Alemanha (838), Espanha (800), França (330) e Estados Unidos (304).

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