Macron candidata França e Costa Rica como organizadoras da próxima Conferência dos Oceanos

Presidente francês discursou nesta quinta-feira no Parque das Nações, fazendo uma ligação com os compromissos alcançados na cimeira One Ocean Summit, em Brest, em Fevereiro, com os principais temas discutidos na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas de 2022.

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Emmanuel Macron visitou o Oceanário de Lisboa com Marcelo Rebelo de Sousa PEDRO NUNES/Reuters

O Presidente francês Emmanuel Macron anunciou a candidatura conjunta da França e da Costa Rica para organizarem a próxima Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, ao discursar na sessão plenária da tarde desta quinta-feira na actual conferência, que decorre em Lisboa, no Parque das Nações.

Macron recordou os compromissos alcançados em Fevereiro, na conferência One Ocean Summit, em Brest, promovida pela presidência francesa do Conselho da União Europeia e integrada na temporada cruzada França-Portugal, e fez desta candidatura uma continuação do percurso ali iniciado, que tem um ponto alto agora, com a conferência de Lisboa. Macron aproveitou também para visitar o Oceanário de Lisboa com o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Estamos todos mobilizados, depois de Brest, com compromissos muito concretos, cada um ao nosso nível”, disse o Presidente francês. Recordou por exemplo a criação da Coligação de Ambições Elevadas para a Natureza e as Pessoas, co-secretariado pela Costa Rica e pela França, que tenta acelerar o objectivo dos 30% até 2030, que envolve já 102 países.

“Trinta e cinco actores, em 35 portos internacionais, comprometeram-se a descarbonizar o transporte marítimo até 2028”, enumerou Macron. “Estes compromissos começam a dar frutos: há dias, em Marselha, três armadores, representando cerca de 320 embarcações, foram certificados com a etiqueta Green Marine Europe. São o motor da revolução do transporte marítimo”, relatou.

Outro exemplo de um acordo obtido em Brest, contou Macron, foi que “500 entidades se juntaram a um compromisso mundial para lutar contra a poluição do plástico” no mar. “Os trabalhos para chegar a um tratado vinculativo sobre a poluição marinha de plásticos foram lançados em Nairóbi, após a nossa cimeira em Brest”, salientou o Presidente francês. “Temos dois anos para lá chegar. Sem ficar à espera, vamos continuar a trabalhar com todos os que têm projectos para suprimir plásticos de uso único, investir na reciclagem, limpar as nossas praias, suprimir as descargas no mar”, disse.

“Temos de mobilizar os Estados europeus, mas também no Pacífico, no Atlântico, contra a praga que é a pesca ilícita. Demos o primeiro passo importante com a adopção do primeiro acordo vinculativo na Organização Mundial do Comércio contra as subvenções à pesca ilícita em alto-mar”, sublinhou Macron, que agradeceu às Marinhas de vários Estados, entre os quais o português, pela mobilização das suas Marinhas para acções de fiscalização contra a pesca ilegal. “Muitas nações, sobretudo no Golfo da Guiné, esperam que intensifiquemos esta acção”, recordou o Presidente francês.

“É também por isso que queremos conseguir fazer um tratado para o alto-mar [zonas fora das jurisdições nacionais de cada país], fixar um quadro para estes espaços de liberdade hoje ameaçados pela pesca excessiva e pela poluição”, sublinhou. “Discutimos este texto há sete anos. Já é tempo de chegarmos a uma conclusão, rapidamente”, pediu Macron.

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