Guatemala quer proteger o mar e resolver o problema das águas residuais pouco tratadas

A Guatemala quer que a criação de áreas marinhas protegidas seja feita em conjunto com as comunidades locais e que isso possa ser também uma oportunidade de desenvolvimento para o país.

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De médio a curto prazo, a Guatemala quer ter 13% das suas águas costeiras protegidas WCS Guatemala

A Guatemala compromete-se a criar mais áreas marinhas protegidas, asseguraram responsáveis do Governo do país numa sessão da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que decorre em Lisboa até sexta-feira. Mas nem só a protecção das áreas marinhas é um desafio no país: o ministro do Ambiente e Recursos Naturais da Guatemala diz que um dos grandes problemas são as águas residuais poucos tratadas e que se tem de resolver esta questão.

Ao todo, o Governo da Guatemala anunciou que quer criar oito novas áreas marinhas protegidas no país. As maiores são as do Canhão São José e do Mar do Oeste, que correspondem a 14.000 quilómetros quadrados. Se esse objectivo vier a concretizar-se, as áreas marinhas protegidas poderão representar 13% das águas marinhas da Guatemala. Estas propostas deixadas na conferência em Lisboa fazem parte do objectivo mundial – e vincado neste encontro – de se vir a proteger 30% do oceano a nível mundial. Por agora, a meta da Guatemala fica, no entanto, aquém da fasquia mundial.

“[Queremos] passar a ter 13% das áreas marinhas costeiras do país [protegidas] de médio a curto prazo. É um dos objectivos que estamos a tentar”, afirmou ao PÚBLICO Carlos Martinez, director-executivo do Conselho Nacional para a Protecção de Áreas na Guatemala, após uma sessão da organização não-governamental Wildlife Conservation Society (WCS) sobre o objectivo da protecção de 30% dos oceanos.

Carlos Martinez destacou algo determinante nesse processo de conservação da vida marinha: a colaboração das comunidades locais. “A criação de áreas marinhas protegidas dá-nos a oportunidade de promover a conservação e uso sustentável da biodiversidade de forma regulada, o que permite o desenvolvimento socioeconómico das comunidades locais”, disse na sessão da WCS.

Mario Rojas, ministro do Ambiente e Recursos Naturais do país, acrescentou que há um processo administrativo em curso no Governo sobre essas áreas e que está “confiante de que serão áreas consideráveis” Mesmo assim, o responsável da Guatemala não esconde outros problemas no país. “Temos diferentes fontes de ameaças. A principal diz respeito a águas residuais que são muito pouco tratadas”, assinala Mario Rojas ao PÚBLICO. O ministro diz que, neste momento, se está a trabalhar com os municípios e governos locais no país para se resolver essa questão.

Entre outros obstáculos para a preservação do ambiente, Carlos Martinez frisa ainda a resistência a nível social sobre esta questão. “Há uma certa resistência ao que não se conhece”, concretiza. Outro aspecto crucial será ainda equilibrar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento do país. “Para o nosso país, mais do que cumprir este objectivo [da protecção das áreas marinhas], este é um desafio.”

Agora, os dois responsáveis da Guatemala vieram a Lisboa mostrar os seus compromissos, mas também esperam que se reúnam esforços das agências que participam neste encontro para que ajudem a Guatemala a proteger os seus recursos naturais. Carlos Martinez apela ainda a que outros países da América Latina “se unam para conseguir o objectivo” de protecção dos oceanos.

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