Câmara de Gaia atira para final de Julho acordo com a IP sobre obras na Linha do Norte

Perante a subida de tom da contestação cidadã às intervenção no canal ferroviário que atravessa o concelho, presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues, diz que está a negociar com a Infra-estruturas de Portugal e pede tempo

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Autarca diz que está a negociar solução para passagens superiores e barreiras acústicas com a empresa pública Paulo Pimenta

A Câmara Municipal de Gaia está a negociar uma solução para a polémica intervenção que a Infra-estruturas de Portugal (IP) está a levar a cabo na Linha do Norte. Até ao final de Julho, o presidente da autarquia, Eduardo Vítor Rodrigues, conta fechar um acordo com a empresa pública. A instalação de passagens áreas para peões na Granja e Aguda tem vindo a ser contestada pelas populações, mas também a construção de barreiras acústicas em betão é motivo de preocupação pelo impacto urbanístico que pode vir a ter.
O presidente da câmara, que recusou tornar público o conteúdo das negociações, revelou, na terça-feira à noite, na Assembleia Municipal de Gaia, que está a ser preparado um protocolo “ao mais alto nível” com o próprio ministro da tutela, Pedro Nuno Santos. As negociações com a IP envolvem tanto as passagens superiores pedonais como as barreiras acústicas de betão.

O autarca falava em resposta à intervenção de Vasco Sousa, membro do grupo cívico “Praia da Granja, Cidadãos”, que tem vindo a alertar para os problemas de mobilidade que as passagens superiores para peões podem causar e para a separação das comunidades provocada pelas barreiras de betão que podem chegar a 3,5 metros de altura.
Vasco Sousa mencionou a possibilidade de a construção de uma passagem superior na Granja ser “provisória”, mas avisou também que essa mesma solução temporária pode inviabilizar depois a construção de um túnel na mesma localização. O cidadão defende que “sejam mantidas as passagens de nível”, com reforço da sinalização, à semelhança do que aconteceu em Esmoriz e Cortegaça.

Vasco Sousa referiu-se ainda a uma reunião promovida em Maio pela autarquia de Gaia, com a presença responsáveis da IP, das freguesias de Arcozelo e São Félix da Marinha e de movimentos cidadãos.

Numa explicação que durou quase uma hora, o autarca socialista fez a apologia das virtudes da negociação à porta fechada, mas, na resposta que deu ao membro do grupo de cidadãos, Eduardo Vítor foi tornando clara a posição da autarquia: “Eu sou contra aquilo, ponto. Aquilo é uma vergonha, ponto”. Mas disse também que não é “milagreiro”, não podendo resolver problemas que “deviam ter sido acautelados em 2010”, quando foi desenhado o projecto de intervenção.

Sobre a contestação dos moradores, o autarca afirmou que, “ao lutar, estão a “ajudar o presidente da câmara”, a quem “compete negociar tranquilamente, fazer a gestão do processo, conseguir o melhor dos mundos”. O autarca garante também que já deu conta do desagrado com aquela intervenção na Linha do Norte numa reunião que teve com o próprio primeiro-ministro.

As preocupações com o impacto da intervenção da IP em Gaia foram o tema dominante da Assembleia Municipal desta terça-feira, com o assunto a merecer intervenções do PSD, do Bloco de Esquerda, da CDU, e da Iniciativa Liberal.

“Dêem-me até ao dia 31 de Julho”, pediu Eduardo Vítor Rodrigues, quando ainda respondia aos cidadãos. O autarca prometeu assumir a responsabilidade pelo resultado das negociações. “[A solução] Nunca será perfeita, mas acredito que será uma boa solução”, disse.

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