Sri Lanka proíbe a venda de combustíveis durante duas semanas

A proibição só exclui os serviços essenciais de saúde e alimentação e é forçada pelo facto de o país só ter reservas para um dia normal de funcionamento.

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As filas para abastecer nos postos de combustível têm sido quotidianas no país EPA/CHAMILA KARUNARATHNE

O Sri Lanka anunciou uma suspensão de duas semanas de todas as vendas de combustível no país, excepto no caso dos serviços essenciais, nomeadamente os transportes das áreas da saúde e alimentação, para permitir o abastecimento durante este período.

O país insular do sudoeste asiático atravessa a pior crise desde que conquistou a independência do Reino Unido, em 1948, e não consegue sequer, desde o final do ano passado, financiar as importações de bens essenciais, nomeadamente alimentos, medicamentos e, de forma mais crítica, combustível.

Deste modo, o porta-voz do governo do país, Bandula Gunawardana, decidiu encerrar muitas escolas pela falta de funcionários, e instar ao sector privado que permita que os seus funcionários trabalhem através de casa, uma vez que os transportes públicos não se encontram em funcionamento.

“A partir da meia-noite de hoje [terça-feira], não será vendido mais nenhum combustível, excepto para serviços essenciais como o sector da saúde, porque queremos conservar as poucas reservas que nos restam”, disse Gunawardana num comunicado. Concluiu informando que as reservas que têm se esgotariam em apenas um dia se não existisse racionamento e pedindo desculpa aos consumidores pela escassez e pelos transtornos causados.

O Governo está a negociar um possível resgate com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas muitos cidadãos têm provado que não podem esperar tanto tempo e a procura de passaportes aumentou exponencialmente. Nas primeiras horas de segunda-feira, a Marinha deteve 54 pessoas na costa leste enquanto tentavam sair do país de barco, somando-se aos 35 detidos já durante a semana passada.

Vários membros do Governo demitiram-se, nomeadamente o primeiro-ministro Mahinda Rajapaksa, irmão mais velho do Presidente da República, Gotabaya Rajapaksa, depois dos muitos protestos e os confrontos entre manifestantes pró e antigoverno, que rapidamente se transformaram em violência por todo o país, tendo já feito nove mortos e cerca de 400 feridos.

Os protestos não estão só relacionados com a escassez de combustível nas bombas, mas também as interrupções do fornecimento de energia que têm ocorrido um pouco por todo o país. O presidente da Comissão de Serviços Públicos, Janaka Ratnayake, informou que, a partir da próxima segunda-feira, o país vai aumentar para três horas os cortes de energia diários, que antes se situavam nas duas horas, dada a situação do país. “Esperamos manter os cortes de energia pelos próximos dois meses”, revelou.

O Presidente tem apelado à calma, mas o líder da oposição, Sajith Premadasa, já pediu novas eleições para pôr fim à instabilidade do país. “O país entrou em colapso completo devido à escassez de combustível. O Governo mentiu às pessoas repetidamente e agora não tem planos sobre como seguir em frente”, referiu, citado pela CNN.

O stock de combustível é, neste momento, de cerca de 9000 toneladas de gasóleo e de 6000 toneladas de gasolina, segundo informou o ministro da Energia, Kanchana Wijesekar, no domingo, existindo uma previsão para a chegada de mais 30 mil toneladas de gasolina e diesel combinados por volta do dia 13 de Julho.

Manoj Gupta, o director da filial local da Indian Oil Corporation, Lanka IOC, informou, citado pela Reuters, que o Sri Lanka consome cerca de 5000 toneladas de gasóleo e 3000 toneladas de gasolina por dia para atender às suas necessidades de transporte.

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