G7 canaliza 4700 milhões de euros para combater “insegurança alimentar”

A “insegurança alimentar” em crescimento pela impossibilidade de exportação de cereais da Ucrânia, um dos temas mais debatidos na cimeira do G7, vai tentar ser combatida com um investimento avultado e negociações com a Rússia.

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O chanceler alemão, Olaf Scholz, no Schloss Elmau, no final da cimeira do G7 LEONHARD FOEGER/Reuters

A guerra na Ucrânia e os preços crescentes da alimentação e da energia dominaram o encontro do G7, que teve lugar no hotel Schloss Elmau nos Alpes da Baviera, na Alemanha e os líderes das sete democracias mais ricas do planeta chegaram a um acordo para canalizar 5000 milhões de dólares (cerca de 4700 milhões de euros) para combater a fome, disseram fontes diplomáticas citadas pela agência de notícias Reuters. Será uma verba a distribuir por quase meia centena de países onde a insegurança alimentar é maior, muitos dos quais culpam as sanções contra a Rússia pela escalada dos preços nos bens alimentares.

A informação sobre estes fundos destinados a combater a “insegurança alimentar”, um dos temas mais debatidos na passada segunda-feira, foi comunicada aos jornalistas por um alto funcionário da Administração norte-americana que revelou ainda que mais de metade dos fundos (cerca de 2600 milhões de euros) provêm dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, revelou, esta terça-feira, que acredita que em breve será possível retomar as exportações de cereais da Ucrânia, aliviando a escassez que está a afectar particularmente os países pobres. Em declarações no final da cimeira dos líderes do G7, Draghi disse que não é necessário que as minas sejam totalmente removidas dos portos da Ucrânia e que “existem corredores” para permitir a operação dos navios de carga.

Contudo, afirma que uma luz verde do Kremlin será necessária para que as exportações sejam retomadas - algo que espera venha a “surgir em breve”, concluiu.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, por sua vez, sublinhou que as sanções ocidentais contra a Rússia só terminarão quando o Presidente russo, Vladimir Putin, aceitar que os seus planos na Ucrânia não terão sucesso. “Todas as sanções que impusemos sobre a Crimeia ainda lá estão. Todas as sanções que impusemos por causa da revolta incitada pelos russos no Donbass ainda estão lá. E o mesmo vale para as decisões tomadas agora, que são muito mais severas”, afirmou.

“Há apenas uma saída: Putin aceitar que os seus planos na Ucrânia não terão sucesso”, concluiu.

Emmanuel Macron, o Presidente francês, afirmou, por seu lado, que a Rússia não pode ser autorizada a ganhar a guerra na Ucrânia, que as potências ocidentais vão apoiar Kiev durante o tempo que for necessário e estão prontas para intensificar esforços para atingir as exportações de energia russas.

Durante a conferência de imprensa após o final da cimeira do G7, Macron declarou que Moscovo tinha agora o único objectivo de tentar forçar a Ucrânia a render-se. “Espero realmente que o fim [do conflito] possa ser alcançado até ao final do ano, com uma certeza e um desejo, que é o de que a Rússia não pode e não deve vencer.”

Entre as medidas aprovadas no Elmau, o G7 quer também criar um mecanismo para proibir o transporte de petróleo russo e o comércio de ouro russo, ajudar a reconstruir a Ucrânia, investir ainda mais em ajuda humanitária, impedir mais crimes de guerra e apoiar os deslocados.

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