Portugal reportou 17 casos suspeitos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida

Segundo o director do Programa Nacional para as Hepatites Virais, nenhuma das crianças necessitou de transplante hepático e todas as situações evoluíram favoravelmente.

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Casos evoluiram favoravelmente, refere a Direcção-Geral da Saúde Daniel Rocha

Dezassete casos suspeitos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida foram reportados por Portugal nos últimos dois meses, sem registo de gravidade, informou esta segunda-feira a Direcção-geral da Saúde (DGS). Segundo Rui Tato Marinho, director do Programa Nacional para as Hepatites Virais, nenhuma das crianças necessitou de transplante hepático e todas as situações evoluíram favoravelmente.

Entre 28 de Abril e 24 de Junho Portugal reportou “17 casos prováveis de hepatite de etiologia desconhecida” em idade pediátrica. “Os casos notificados têm sido situações com resolução clínica, não tendo ocorrido casos graves”, refere a DGS num comunicado publicado no site. Contactado pela agência Lusa, Rui Tato Marinho adiantou que a média de idades dos doentes é de 4, 5 anos, “havendo um ou outro adolescente com menos de 16 anos”. “Em dois meses, há 17 casos descritos. Dá uma média de dois casos por semana, o que nos deixa satisfeitos, porque pode ter sido apenas um surto epidémico e que, entretanto, está a acalmar”, afirmou o especialista.

A DGS salienta, no comunicado, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) referem a redução de número de casos a nível mundial nas últimas três semanas, mas solicitam aos países que continuem a detectar e a reportar casos prováveis. “Em todo o mundo, o pico [da doença] começou a descer”, disse o especialista, adiantando que em todo o mundo há 900 casos descritos da doença.

Para Rui Tato Marinho, um “dado extremamente importante” é o facto de na Europa terem sido reportados pouco mais de 400 casos e ter havido apenas um caso mortal, o que “é substancialmente inferior ao que tem sido descrito no mundo em que a mortalidade chega aos 2%”. “Os sistemas de saúde são diferentes e isto abona a nosso favor”, afirmou o especialista, acrescentando que a causa da doença “continua em aberto”, havendo nuances diferentes desta hepatite conforme os países, conforme os surtos.

Pediatras e médicos de família estão “muito atentos”

Rui Tato Marinho recordou que Portugal formou uma task force mesmo antes de aparecer o primeiro caso. “Começámos a preparar-nos muito cedo com medo que aparecesse um grande número de casos de hepatite aguda grave em crianças. Felizmente isso não aconteceu”, constatou.

Uma das preocupações foi o facto de algumas crianças necessitarem de transplante hepático, o que não aconteceu em Portugal. “Obviamente que isto nos deixa preocupados porque o transplante não é muito frequente nesta crianças pequeninas. Na Europa ronda os 4 a 5% que também é inferior ao número inicial que é de 10%”, referiu. “Em 10 crianças, havia uma que precisava de transplante, o que é muito. Mas à medida que os casos aumentaram, este número reduziu”, disse.

Aludindo a Portugal, o especialista afirmou que os pediatras e os médicos de clínica geral e familiar estão “muito atentos” e referenciam para os centros que têm mais experiência.

A 31 de Maio de 2022, o ECDC e a OMS Europa publicaram um boletim epidemiológico referindo 305 casos de hepatite aguda de etiologia desconhecida em crianças até aos 16 anos em 17 países da região europeia da OMS.

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