Para proteger a população, Sevilha vai dar nomes às ondas de calor

O projecto-piloto proMETEO Seville pretende categorizar as ondas de calor — cada vez mais frequentes em Espanha — de acordo com a sua severidade. As mais perigosas vão receber nome, à semelhança do que acontece com tempestades. O objectivo é alertar para as alterações climáticas e proteger as populações mais vulneráveis.

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Paulo Pimenta

Tal como acontece com furacões e tempestades, as ondas de calor em Sevilha vão começar a ter um nome e a ser caracterizadas em função da dimensão e do perigo que representam. A iniciativa da cidade espanhola tem o objectivo de ajudar a proteger os residentes nos —​ cada vez mais frequentes — períodos de calor excessivo.

O projecto-piloto proMETEO Seville vai ser lançado em conjunto com o Adrienne ARSHT-Rockefeller Foundation Resilience Center (Arsht-Rock) e é o primeiro sistema de alerta meteorológico que relaciona eventos climáticos com os potenciais impactos para a saúde dos habitantes. O algoritmo do projecto permite antecipar ondas de calor com cinco dias de avanço e classificá-las de acordo com a severidade para a saúde pública. O Arsht-Rock está a trabalhar também com outras cidades no processo de categorizar ondas de calor, mas, até agora, Sevilha é a única que vai atribuir nomes aos fenómenos.

As ondas de calor serão caracterizadas de 1 a 3, sendo as ondas de calor da categoria 3 as mais graves. Estas serão nomeadas por ordem decrescente do alfabeto espanhol – do Z ao A – e já foram escolhidos nomes para as primeiras cinco: Zoe, Yago, Xenia, Wenceslao e Veja.

Medidas como a abertura das piscinas municipais ou a necessidade de recrutar profissionais de saúde para avaliar a segurança de idosos e outras populações de risco serão tomadas de acordo com a severidade das ondas de calor.

Ao The Guardian, o alcaide da cidade, Antonio Muñoz, explicou que o projecto-piloto está integrado num conjunto mais alargado de acções que visa fazer frente às alterações climáticas: “Somos a primeira cidade no mundo a dar um passo que nos vai ajudar a tomar medidas para quando este tipo de eventos meteorológicos acontecer.

Kathy Baughman McLeod, do Arsht-Rock, explicou ao mesmo jornal que as ondas de calor são “assassinos silenciosos” que afectam a economia e matam mais do que outros fenómenos meteorológicos, ainda que sejam extremamente subestimadas.

Espanha sofreu nas últimas semanas uma das ondas de calor mais precoces de sempre. De acordo com a Aemet, a agência meteorológica do país, estes fenómenos têm-se tornado cada vez mais comuns no território. Esta Primavera, Espanha registou temperaturas entre 7 e 12 graus mais elevadas do que o normal para o mesmo período e o mês de Maio de 2022 foi o mais quente em 58 anos. No ano passado, em Montoro, a 160 quilómetros de Sevillha, os termómetros apontaram a temperatura mais alta de que há registo no país: 47,4 ºC.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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