População vota contra instalação de estação de tratamento de lixo em freguesia da Arruda

O presidente da câmara, André Rijo, garante que a vontade dos votantes será cumprida.

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ETVO na Amadora DR

O resultado é inequívoco. Oitocentos e vinte e nove eleitores recenseados em Arranhó, no concelho de Arruda dos Vinhos, foram às urnas no domingo para decidirem se queriam que em território da freguesia fosse instalada uma estação de tratamento e valorização orgânica (ETVO) e a esmagadora maioria, como já se esperava pelas várias manifestações de desagrado da população, votou contra - 765 votantes responderam “não” à pergunta colocada.

“Concorda com a eventual instalação pela Valorsul da Estação de Tratamento e Valorização Orgânica (ETVO) na Zona Industrial de Reciclagem (ZIR) na Freguesia de Arranhó?”, lia-se na pergunta dirigida aos 1982 eleitores recenseados na freguesia arrudense, que montou duas mesas de voto na principal colectividade da freguesia.

Só cerca de 42% da população respondeu à chamada para a “auscultação” promovida pelos órgãos autárquicos da freguesia em articulação com a Assembleia Municipal de Arruda dos Vinhos. Mas, uma larga maioria – 765 munícipes (92,2%) – fez uma cruz no quadrado do não. Apenas 60 disseram “sim” à possibilidade de instalação da ETVO próximo da vila de Arranhó. Segundo os resultados divulgados na noite de domingo pela junta de freguesia, registaram-se, ainda, três votos nulos e um voto em branco.

O presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, André Rijo, garantiu, em vários momentos, que a edilidade seguirá a posição manifestada pela população nesta auscultação pública. Mas para que assim aconteça, o terá de passar pelo aval do executivo em reunião de câmara.

As concelhias do PSD e da CDU já se manifestaram, nas últimas semanas, contra a instalação desta ETVO (estação vocacionada para tratar e valorizar resíduos orgânicos de restaurantes, cantinas, hotéis e cafés) na freguesia de Arranhó ou noutro ponto qualquer do território do concelho.

Entretanto, a Valorsul avançou que “a infra-estrutura a ser construída ainda se encontra em fase preliminar de estudo”, não existindo, por agora, “quaisquer projectos ou localizações decididas”.

A empresa de tratamento de resíduos sólidos explica que, por força da obrigação legal de recolha selectiva de biorresíduos por parte dos municípios, “terá de aumentar significativamente a sua capacidade de tratamento, para que seja possível dar valor aos resíduos e transformá-los em novos produtos, permitindo a circularidade da economia e minimizando as alterações climáticas”.

Nesse contexto, adianta, surge a necessidade de se construir uma nova ETVO, cujo orçamento se estima rondar cerca de 100 milhões de euros. “Com o total empenho e responsabilidade, a Valorsul estudará os vários cenários possíveis, de forma a que o sistema de gestão integrada de resíduos nas regiões que serve continue a ser um caso exemplar de gestão nacional e internacional, o que implicará um investimento nas mais modernas tecnologias, seja ao nível do tratamento, seja ao nível do impacto ambiental e social”, acrescenta a empresa, prometendo que, “assim que existir mais informação disponível, as populações e as partes interessadas serão envolvidas em todo o processo”.

A Valorsul, recorde-se, serve cinco municípios da região de Lisboa (Amadora, Loures, Lisboa, Odivelas, Vila Franca de Xira) e 14 municípios da região Oeste. A empresa tem uma ETVO a funcionar no concelho da Amadora desde 2005, com capacidade para tratar cerca de 40 mil toneladas de resíduos orgânicos por ano. A nova estação planeada pela Valorsul deverá ter capacidade para tratar até 140 mil toneladas.

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