Mais de metade dos norte-americanos diz que decisão do Supremo sobre o aborto é “um passo atrás”

Resultado da sondagem da YouGov para a CBS mostra que 59% dos inquiridos estão contra a opinião dos juízes da mais alta instância judicial dos EUA.

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Protesto junto ao Supremo Tribunal dos EUA, em Washington D.C. JIM BOURG/Reuters

O fim do reconhecimento do aborto como direito a nível federal nos Estados Unidos é considerado por 52% dos norte-americanos inquiridos numa sondagem do instituto YouGov e publicado este domingo pela emissora CBS como um “passo atrás” para o país.

Os de opinião contrária, aqueles que consideram que se trata de um “passo em frente”, representam 31% dos inquiridos, enquanto 17% não considera que seja um retrocesso ou um avanço civilizacional.

Parecendo confirmar as críticas de muitos políticos, activistas e analistas, de que o Supremo Tribunal dos EUA está hoje distante daquela que é a opinião maioritária dos cidadãos do país, a sondagem mostra que 59% dos inquiridos está contra a decisão dos juízes, contra 41% que a apoia. Percentagem que se acentua entre as mulheres, ascendendo a 67% de opiniões contrárias à revogação da decisão de Roe vs. Wade.

Este inquérito de opinião mostra que a maioria está preocupada com o futuro, já que 56% considera que a decisão do Supremo lhe vai tornar a vida pior e só 16% acha que vai melhorar. Além disso, 57% dos inquiridos considera provável que a mais alta instância judicial norte-americana venha a limitar o direito aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo, enquanto 55% acham que o passo seguinte será o de limitar o acesso a métodos anticoncepcionais.

Na sexta-feira, o Supremo dos EUA anulou pela margem mínima de 5 contra 4 a sentença Roe vs. Wade, de 1973, que reconhecia o aborto como um direito a nível federal, deixando nas mãos dos estados legislar sobre a interrupção voluntária da gravidez como entenderem.

A posição do Supremo abre o caminho para que metade dos 50 estados norte-americanos proíba ou imponha restrições apertadas ao aborto legal: 13 deles tinham leis que entravam em vigor automaticamente revogada a decisão de 1973: Arkansas, Idaho, Kentucky, Louisiana, Mississípi, Missuri, Dacota do Norte e Dacota do Sul, Oklahoma, Tennessee, Texas, Utah e Wyoming, segundo o Instituto Guttmacher, um grupo de defesa do direito ao aborto.

O estudo do YouGov foi feito com base em 1591 entrevistas realizadas entre 24 e 25 de Junho, a seguir à decisão do Supremo, e a margem de erro é de mais ou menos três pontos percentuais.

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