Afirmar a língua portuguesa no ensino e formação digital

Aceder a conteúdos preparados especificamente em português é uma forma muito relevante de possibilitar o ensino e a formação não só dentro do país como muito particularmente junto das comunidades de língua portuguesa.

Segundo o Instituto Camões, a língua portuguesa é falada, atualmente, por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes, número que se estima atingir os quase 400 milhões em 2050. Isto traduz-se em 3,7% da população mundial a falar português, fazendo desta a quarta língua mais falada no mundo como língua materna, a seguir ao mandarim, ao inglês e ao espanhol.

Espalhados pelos quatro cantos do mundo, os falantes de língua portuguesa continuam a enfrentar por vezes um desafio: a dificuldade no acesso a conteúdos produzidos e pensados na sua língua materna, a si direcionados e associados a entidades reconhecidas em Portugal. Se é verdade que muitas pessoas têm já conhecimentos suficientes de outras línguas, como o inglês, para acederem àquilo que é disponibilizado, o mesmo não se aplica em inúmeros casos. E isto é especialmente verdade quando falamos em educação e formação ao longo da vida.

Aceder a conteúdos preparados especificamente em língua portuguesa é uma forma muito relevante de possibilitar o ensino e a formação não só dentro do país como muito particularmente junto das comunidades de língua portuguesa espalhadas pelo mundo. Num contexto cada vez mais digital, as plataformas de aprendizagem online têm vindo a ganhar uma enorme relevância junto dos vários públicos e entidades com o objetivo de levar mais longe as suas aptidões e conhecimento. Mas apesar de já existirem várias plataformas neste âmbito, o seu conteúdo é fornecido maioritariamente em inglês ou francês, deixando de parte uma franja significativa de população – neste caso a de língua portuguesa.

Além disso, existe sempre a questão do contexto. Um conteúdo criado em Portugal, direcionado a um público português, ou falante de língua portuguesa, terá necessariamente uma realidade mais próxima, tornando-se mais adequado a uma formação correta e útil, dando a quem está dentro ou fora do território um ponto de partida comum. O mesmo aplica-se quando entidades lusófonas criam um curso noutras línguas, uma vez que trazem aspetos contextuais relativos à lusofonia, continuando a cumprir a missão de produzir conhecimento lusófono.

Estimular a literacia digital da população portuguesa e possibilitar a sua formação online é fulcral para promover a empregabilidade, seja para quem já está a trabalhar e que complementar as suas competências, quer para quem queira fazer uma mudança na sua carreira, ou mesmo para quem está agora a começar. E essa é uma missão que, em Portugal, a plataforma NAU assumiu há precisamente três anos, ao comprometer-se em ser a um espaço de descoberta e de conhecimento, que pretende democratizar o acesso de todos os portugueses à formação pessoal e profissional. Este é um caminho que, como revelam os números do Instituto Camões, tem ainda muito por onde crescer e um público em multiplicação.

A comemoração do 10 de junho será sempre um momento adequado para fazer esta reflexão sobre a forma de valorização da língua portuguesa e as oportunidades existentes para concretizar este desiderato. No entanto, não deve ficar-se por esse dia, mas sim ser algo a prosseguir ao longo de todo o ano. Este é um trabalho feito em conjunto por várias entidades que procuram promover a disseminação da ciência e a projeção das entidades portuguesas a nível internacional, ao mesmo tempo que aproximam as comunidades. Num mundo globalizado mantém-se a importância de continuar a apostar na nossa língua e em levá-la mais longe, até cada um daqueles que fazem do português um idioma com um enorme potencial ainda por concretizar.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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