Delegação mais curta, a mesma fasquia nos Jogos do Mediterrâneo

Portugal inicia a segunda participação no evento multidesportivo, que este ano se concentra em Oran, na Argélia, com a prestação de 2018 como barómetro. Comitiva conta com vários atletas olímpicos.

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A ginasta Filipa Martins será uma das porta-estandartes portuguesas EPA/KIMIMASA MAYAMA

É com os Mundiais de natação a decorrerem (e os Europeus à espreita), com os Mundiais de atletismo na calha e com os Mundiais de judo no horizonte que arrancam hoje, oficialmente, os Jogos do Mediterrâneo. Para Portugal, será apenas a segunda participação num evento que cumpre este ano a 19.ª edição, enquanto para muitos atletas esta competição funcionará como rampa de lançamento para outros voos na presente temporada. Seja como for, haverá muito desporto para acompanhar em Oran, na Argélia, até 5 de Julho.

Os Jogos do Mediterrâneo estão longe de ser uma novidade. A primeira edição aconteceu em 1951, no Egipto, com apenas 10 países, mas desde então o evento multidesportivo que cruza parte da Europa, da África e da Ásia tem vindo a gerar mais interesse. Depois de anos de espera, Portugal foi admitido em 2016 e estreou-se logo em 2018, em Tarragona, onde se fez representar por 221 atletas em 29 modalidades. Uma participação que resultou na conquista de três medalhas de ouro, oito de prata e 13 de bronze.

Então como agora, são 26 as nações em competição, num contexto em que Itália (1973 medalhas até hoje), França (1556) e Espanha (1120) dominam o palmarés global. Desta vez, porém, a comitiva portuguesa será mais modesta do que há quatro anos, com 159 atletas distribuídos por 19 modalidades, com a agravante de não poder defender 14 das 24 medalhas conquistadas em Espanha, já que a canoagem, o hipismo, o remo, o taekwondo e o triatlo saíram, entretanto, do programa.

Ainda assim, é convicção do presidente do Comité Olímpico de Portugal de que os resultados, na Argélia, possam aproximar-se do registo na estreia. “As expectativas são equivalentes à anterior participação. É uma missão mais pequena do que a anterior, mas com um nível de qualidade muito equivalente. As expectativas estão em linha com os resultados da primeira participação”, frisou José Manuel Constantino.

Se é verdade que, em várias frentes, Portugal fará uma aposta na juventude (a selecção de polo aquático de sub18, por exemplo, estreou-se ontem com uma derrota, por 18-5, frente à Eslovénia), haverá também muita experiência e atletas com credenciais em prova. A começar por aqueles que já têm estofo olímpico: Evelise Veiga, Cátia Azevedo, Vera Barbosa, Tsanko Arnaudov, Tiago Pereira, Lorène Bazolo e Liliana Cá (todos do atletismo), Filipa Martins (ginástica), Joana Castelão, Sara Antunes, João Costa e João Paulo Azevedo (tiro), Ana Catarina Monteiro, Francisco Santos, Ana Rodrigues, Gabriel Lopes, Alexis Santos e Tamila Holub (natação) ou Jieni Shao e João Monteiro (ténis de mesa).

A escolha dos porta-estandartes para a cerimónia de abertura do evento (Filipa Martins e João Monteiro) reflecte, de certa forma, esse estatuto. Mas há mais em jogo para além dos resultados desportivos, de acordo com Catarina Monteiro, chefe de missão. “É muito importante que possamos estabilizar o desporto em Portugal, depois da pandemia de covid-19 e da guerra [na Ucrânia]. O que queremos é retomar a normalidade desportiva, trazer de volta atletas que perderam [espaço competitivo] durante dois anos”, sintetiza.

Se a confiança e o optimismo são palavras que se espalham pela comitiva portuguesa, há igualmente algumas cautelas, nomeadamente em relação aos desafios logísticos. Portugal minimizou as dificuldades nas ligações aéreas com recurso a voos charter (o segundo está marcado para segunda-feira), mas a falta de experiência do comité organizador na gestão de eventos desta dimensão e as infra-estruturas disponíveis têm gerado alguns problemas.

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