Resposta à inflação ameaça popularidade do Governo

Quase metade dos inquiridos da sondagem da Aximage considera a resposta do Governo à crise negativa e 89% defendem a necessidade de mais medidas por parte do executivo.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O Governo está a perder o apoio dos portugueses devido à forma como está a gerir a crise económica trazida pelo aumento da inflação, que em Maio atingiu o valor mais alto dos últimos 29 anos (8%), em consequência da guerra na Ucrânia, e que já se sentiu no aumento do custo de vida. Segundo uma sondagem da Aximage para o JN, o DN e a TSF, referente ao mês passado e publicada esta sexta-feira, quase metade dos inquiridos, 46%, consideram a resposta do Governo para atenuar os efeitos da crise “negativa”, com 23% a classificar a mesma como “muito má”, ao passo que apenas 14% reconhecem a intervenção do executivo de António Costa como “positiva”.

A perda de popularidade do Governo (no barómetro anterior a percentagem de inquiridos que dava resposta negativa ao Governo era de 29%), que em Janeiro conseguiu a maioria absoluta, verifica-se sobretudo na região Norte do país, em particular na Área Metropolitana do Porto, entre as pessoas dos 18 aos 34 anos e dos 50 aos 64 anos e na classe média baixa, avança o JN.

As entrevistas foram feitas entre os dias 19 e 24 de Maio e já na altura os inquiridos pediam novas soluções. A maioria, 89%, defende serem necessárias mais medidas de futuro para responder ao aumento do custo de vida como: limitar os preços dos bens essenciais (67%) e da energia (67%), baixar os impostos (60%) ou aumentar os apoios sociais às famílias desfavorecidas (44%). Os inquiridos referem ainda o reforço dos apoios ao sector da agricultura para a produção de bens alimentares (25%) e às empresas (15%), bem como a redução das taxas energéticas das empresas (5%).

A primeira e a segunda medidas provaram-se mais populares entre o eleitorado do CDS, PAN, CDU e PS, enquanto a terceira contou com a adesão dos eleitores do Chega, Iniciativa Liberal, PSD e Bloco, segundo o JN.

Uma preocupação dos portugueses, especialmente dos 41% inquiridos com créditos à habitação, é ainda a subida das taxas de juro da dívida pública em Julho e Setembro, implementada pelo Banco Central Europeu para conter a inflação.

Esta segunda-feira, o primeiro-ministro indicou que o aumento das pensões atingirá valores históricos em 2023.

Aumento dos preços sentiu-se mais nos bens alimentares e combustíveis

De acordo com a sondagem, 97% dos inquiridos já sentiram o aumento dos preços no seu dia-a-dia, com destaque para o supermercado e os combustíveis (39%), seguindo-se o gás (11%), a electricidade (5%), os transportes (3%), a farmácia (2%) e as telecomunicações (1%).

Olhando para os rendimentos, são mais aqueles que dizem não ter sentido quebras, em comparação com valores de há 12 meses atrás, mas o número dos que admitem quebras é, ainda assim, elevado: 47%.

Para fazerem face à crise, os entrevistados admitem que alteraram hábitos de consumo relativamente aos combustíveis (60%): utilizam menos o carro aos fins-de-semana (58%), passaram a andar mais a pé (23%) ou a deslocar-se de transportes públicos (13%).

No caso do consumo dos bens alimentares, em que 68% fizeram alterações aos seus hábitos, 40% refere que começou a prestar mais atenção aos preços, 34% reduziu a compra de alguns produtos e 25% deixou mesmo de consumir alguns produtos.

Os números mostram ainda que 57% das pessoas tiveram de adiar despesas, como viagens de férias (30%), equipamentos domésticos (23%), compra de carro (21%) ou de casa (18%), sendo que 40% não pensa avançar com esses encargos ainda este ano.

A sondagem foi realizada entre 19 e 24 de Maio, tendo sido conduzidas 805 entrevistas a maiores de 18 anos residentes em Portugal, e registou uma margem de erro de 3,45%.

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