Benfica 2022-23, uma equipa entre a renovação e a revolução

“Encarnados” iniciam nesta sexta-feira os trabalhos para a nova temporada, com um corpo técnico renovado e vários ajustes no plantel, que incluem uma das maiores transferências do mercado.

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Roger Schmidt ATEF SAFADI

Há dois anos, quando a direcção do Benfica decidiu resgatar Jorge Jesus, sabia que o plantel iria sofrer uma profunda remodelação, mas contava com o conhecimento profundo que a equipa técnica tinha do futebol português para minimizar os riscos. A aposta correu francamente mal e a mudança tornou-se uma inevitabilidade. Agora, os “encarnados” partem para uma nova aventura com a incerteza acrescida que implica a contratação de um novo corpo técnico e de um conjunto de jogadores que, na esmagadora maioria, terá de se adaptar a um contexto diferente.

O tiro de partida para a época 2022-23 é dado hoje, com a apresentação ao serviço da equipa técnica e a preparação dos tradicionais exames médicos, uma espécie de preâmbulo para os trabalhos no relvado, que estão agendados para segunda-feira. E acontecerá, como é usual nestas alturas, ainda num clima de alguma indefinição em relação à composição do plantel. Se, por um lado, já muito foi feito nos domínios das chegadas e saídas, por outro, há ainda afinações a completar e em posições estratégicas.

Nesta missão de resgate do Benfica de um período de duas épocas sem títulos, Roger Schmidt faz-se acompanhar do elenco habitual: Jens Wissing, treinador adjunto, Jörn-Erik Wolf, adjunto também, e Yann-Benjamin Kugel, preparador físico. Em conjunto, tentarão pôr em prática um ideário de pressão alta, de pronta reacção à perda e de ataques rápidos e incisivos, uma forma de jogar que lançou Schmidt para a ribalta quando orientava o Bayer Leverkusen. E para a operacionalização desta ideia continuam à procura de fazer acertos no plantel actual.

Até ver, são quatro as contratações confirmadas, e há uma quinta que está bem encaminhada. Petar Musa (ex-Boavista) foi o primeiro reforço, um avançado móvel que deixou bons indicadores na Liga portuguesa em 2021-22, seguindo-se o lateral esquerdo Mihailo Ristic (ex-Montpellier), o lateral direito Alexander Bah (ex-Sparta Praga) e o extremo David Neres (ex-Shakhtar Donetsk). Na manhã de quinta-feira, os “encarnados” anunciaram um princípio de acordo para a aquisição do passe do argentino Enzo Fernández (River Plate), num negócio que começa nos dez milhões de euros e poderá chegar aos 18. Falta ainda a confirmação do entendimento com o jogador, mas o processo está bem encaminhado.

Com problemas crónicos no lado direito da defesa, o Benfica depositará grandes esperanças em Bah, enquanto do lado oposto a situação de Grimaldo (não renovou e estará de saída) poderá obrigar a nova ida ao mercado, apesar da chegada de Ristic. No meio-campo, Enzo Fernández é um “oito” de grande raio de acção, mas que não inviabilizará a tentativa de contratar um médio de perfil mais conservador. O costa-marfinense Ibrahim Sangaré, que trabalhou com Roger Schmidt no PSV Eindhoven, é uma das possibilidades, até porque a saída de Julian Weigl estará também em cima da mesa.

No ataque, a venda de Darwin Núñez ao Liverpool, naquela que é a segunda transferência mais cara do defeso até à data (75 milhões numa primeira fase, que poderão chegar aos cem se forem atingidos vários objectivos pelo caminho), abriu espaço à chegada do croata Petar Musa, mas ainda há margem para a saída de Haris Seferovic. Mesmo com a recuperação de Rodrigo Pinho e a continuidade de Yaremchuk (Gonçalo Ramos também está a ser cobiçado no mercado), é provável que o Benfica procure uma nova solução ofensiva.

Essa solução, de resto, poderá estar dentro de portas. Henrique Araújo deixou água na boca aos adeptos “encarnados” na época passada, foi decisivo na conquista da UEFA Youth League e é claramente uma das jóias da coroa da formação. E é precisamente esta uma das incógnitas do caderno de encargos de Roger Schmidt, até que ponto aproveitará efectivamente o talento gerado no Seixal.

Os elogios do treinador alemão ao trabalho da academia são públicos e a vontade do presidente do clube, Rui Costa, de potenciar os produtos da formação também. A missão para 2022-23 passa, por isso, por compatibilizar esse propósito com a necessidade de vencer no imediato.

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