Marcelo considera importante reconhecimento dos problemas na saúde por parte de Costa

O chefe de Estado espera que sejam retiradas lições sobre acompanhamento dos mais frágeis de casos como o de Setúbal.

Foto
Presidente mostrou-se agradado com reconhecimento feito por António Costa sobre situação no SNS LUSA/TIAGO PETINGA

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta quinta-feira “um começo de atitude positiva” e “muito importante” que os governantes percebam e reconheçam que “as coisas não estão bem” tal como fez o primeiro-ministro sobre a saúde.

À margem de uma visita ao projecto “Primeira Pedra”, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre o debate no Parlamento que decorreu no dia anterior e as explicações que o primeiro-ministro, António Costa, deu aos deputados sobre a situação que se vive no sector da saúde.

“Uma coisa é certa: o senhor primeiro-ministro reconheceu que há problemas estruturais, graves, situações inaceitáveis. Eu acho que é muito importante quando os governantes percebem que as coisas não estão bem”, sublinhou.

Apesar de assumir que “não é o suficiente”, para o Presidente da República “é um começo de atitude positiva porque normalmente ou muitas vezes acontece que os governantes não vêem a realidade”.

“O povo vive de uma maneira e os que estão com maiores responsabilidades políticas não vêem essa realidade toda. Se vêem a realidade isso já é um bom começo de conversa”, enfatizou.

Quanto ao impasse das negociações entre Governo e sindicatos, Marcelo Rebelo de Sousa espera que quanto a essa “pequena parte do problema” haja “maior sucesso” na próxima reunião. “Como o Governo já admitiu, há coisas mais fundas e mais amplas e o próprio primeiro-ministro teve de admitir que há que alterar gestão, reestruturar, mudar em muitos aspectos e por aí passa também a resolução do problema mais amplo da saúde”, avisou.

Presidente espera que se aprenda com o caso de Setúbal

Marcelo Rebelo de Sousa pediu que se retirem lições sobre o “acompanhamento dos mais frágeis” e se faça uma reflexão sobre a miséria moral, quando questionado sobre o caso da morte de uma criança em Setúbal.

“Eu não queria referir-me a casos concretos, dolorosos, muito dolorosos. Queria só dizer que é uma preocupação de todos os portugueses há muito tempo o cuidado com as crianças, a protecção das crianças, o acompanhamento daquelas que estão mais frágeis, mais dependentes, portanto, mais susceptíveis de ser exploradas”, afirmou o Presidente da República em resposta aos jornalistas.

O chefe de Estado disse esperar que, de casos como este, que classificou como “chocantes em qualquer sociedade”, se retirem lições. “Retiremos as lições quanto àquilo que, por um lado, deve haver de acompanhamento dos mais frágeis por instituições que existem para isso e, por outro lado, o que há de valores que as pessoas têm de viver”, disse.

O Presidente salientou que muitas vezes se fala em miséria económica e financeira, mas também “há uma miséria moral que acompanha, em muitas circunstâncias, a miséria económica e financeira”, defendendo que esta deve justificar, só por si, uma reflexão.

“O que é que pode justificar que pessoas vão tão longe em qualquer situação, em qualquer sociedade - não queria falar de um caso concreto – não medindo que estão de repente a sacrificar o que há de mais sagrado, que é o respeito da dignidade da pessoa, sobretudo da pessoa mais frágil, que é uma criança.”

Questionado sobre o que pode ter falhado neste caso, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que não iria dizer mais nada sobre o caso.

Também o Governo, através da ministra da Presidência, já se tinha manifestado esta quinta-feira chocado com o caso da morte da criança de Setúbal, sublinhando que a crescente protecção das crianças tem sido um dos “eixos fundamentais das transformações” no combate à violência doméstica.

A Polícia Judiciária (PJ) deteve esta quinta-feira três pessoas suspeitas do homicídio de uma menina de três anos, em Setúbal. As três pessoas detidas por suspeita do homicídio de uma menina em Setúbal são uma mulher a quem a mãe da criança devia dinheiro, inicialmente identificada como ama, e o marido e a filha desta suspeita, segundo a PJ. Os três detidos são suspeitos dos crimes de rapto, extorsão, ofensas à integridade física e homicídio qualificado.

Sugerir correcção
Comentar