Biologia e Geologia: exame foi mais “trabalhoso”, mas com boas apostas

O exame de Biologia e Geologia foi realizado por cerca de 40 mil alunos. Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia já publicou o seu parecer.

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A prova de Biologia e Geologia é necessária para o acesso aos cursos de saúde Rui Gaudêncio

O exame de Biologia e Geologia do 11.º ano, realizado nesta terça-feira, foi “mais trabalhoso” do que o do ano passado, embora não mais difícil, traduzindo também apostas a “manter” como uma maior “diversificação” de conteúdos ou “valorização de itens de carácter transversal”, indicou ao PÚBLICO o presidente da Associação Portuguesa de Professores de Biologia e Geologia (APPBG), Adão Mendes. O parecer da associação pode ser consultado aqui.

Por comparação ao exame de 2021, houve um aumento dos itens obrigatórios (de 18 para 20) e uma redução do número das perguntas opcionais que contam para a nota final, que passou de sete para cinco. E foi acrescentado mais um item de construção, que implica a produção de um texto, o que tornou a prova “mais trabalhosa e demorada” e levou a que “muitos alunos tivessem usado todo o tempo disponível”: os 120 minutos regulares, mais os 30 de tolerância.

A maioria dos alunos que realizou a prova fez o 10.º ano em 2020/2021, ou seja, em plena pandemia, o que os obrigou de novo a estar mais de dois meses sem aulas. Mas também os exames propostos desde 2020 são “filhos da pandemia”, realça Adão Mendes. Passaram a contar, por exemplo, com uma série de itens opcionais, em que só são tidos em conta para a classificação final aqueles cujas respostas obtenham melhor pontuação. Por outro lado, refere o presidente da APPBG, “foram criadas condições” para que as escolas trabalhassem na recuperação de aprendizagens.

Ao valorizar os itens de carácter transversal, o exame desta terça-feira também “beneficia os alunos que não tiveram a possibilidade de adquirir conhecimentos mais específicos de Biologia ou Geologia”. Os textos de apoio, que a associação de professores classifica como “muito interessantes”, também ajudam. Nomeadamente no grupo I (Geologia), contêm a informação necessária para se responder às perguntas.

É deste grupo a pergunta nove, contra a qual reclamaram alguns dos alunos ouvidos pelo PÚBLICO na Escola Secundária Camões, por não terem dado a matéria abordada. Adão Mendes esclarece que esta pergunta se apoia “no básico que é abordado nos recursos hídricos”, mas admite que os estudantes possam ter sido “prejudicados” pelo facto de nas aulas a parte de Geologia ficar para o fim, sendo abordada mais “de passagem” do que a de Biologia e haver assim conteúdos que fiquem por leccionar.

“Infelizmente temos feedback de que tal acontece”, adianta o presidente da APPBG: “As Aprendizagens Essenciais, que são o documento curricular em vigor, encolheram os conteúdos a abordar e por isso não compreendemos porque é que isto se passa”.

Biologia e Geologia, que dá acesso aos cursos de saúde, tornou-se a prova mais concorrida do ensino secundário com a mudança de estatuto dos exames, que a partir de 2020 passaram a servir apenas como prova de acesso ao ensino superior, não sendo por isso contabilizados para a média do secundário. Para a prova desta terça-feira tinham-se inscrito 45.731 estudantes, dos quais compareceram ao exame 39.068.

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