Os habitantes deste bairro na Nigéria fogem do mar que lhes engole as casas

Mureni Alakija, 68 anos. Reuters/TEMILADE ADELAJA
Fotogaleria
Mureni Alakija, 68 anos. Reuters/TEMILADE ADELAJA

Quando o oceano engoliu a casa de Mureni Sanni Alakija, em 2011, o nigeriano pediu um empréstimo para comprar outra, mais longe. Mas não foi longe o suficiente: o mar entra por Okun Alfa, um bairro em Lagos, na Nigéria. Centenas de outros residentes têm assistido, impotentes, às ondas gigantes que devoram as casas — consequência do aumento do nível do mar, resultado das alterações climáticas. Os líderes do governo vão-se encontrar esta semana na reunião da Commonwealth of Nations, no Ruanda, para discutir as dificuldades dos residentes, entre outros assuntos. 

A África tem contribuído muito pouco para o aquecimento global e para as emissões de gases com efeito de estufa, mas os seus habitantes estão entre os mais vulneráveis às alterações climáticas no planeta, esclareceu um painel das Nações Unidas, em Fevereiro. Lagos, Bayelsa e Delta enfrentam o risco mais alto de inundações, pondo em causa a segurança de 20 milhões de pessoas, diz a Agência de Serviços Hidrológicos da Nigéria. 

Ainda que Mureni se tenha mudado com a família, para um sítio mais seguro em Lagos, não está pronto para deixar a sua terra. Mas o oceano continua a levar mais areal; e ele diz que é apenas uma questão de tempo até o oceano lhe tirar também esta casa. “Estamos muito assustados. Não dormimos com os dois olhos fechados. Às duas da manhã, estamos atentos; às três da manhã, estamos atentos. Ninguém sabe quando vai acontecer e levar alguém.

Na última reunião dos chefes de governo da Commonwealth, em 2018, os líderes concordaram em agir para proteger os oceanos das ameaças da crise climática, entre outros desafios. Estas comunidades podem contar com ajuda para construir soluções baseadas na natureza que as protejam do oceano. Mitigar as alterações climáticas e dos oceanos é uma prioridade para os chefes dos governo da Commonwealth, disse o conselheiro Jeff Ardron, à Reuters.

Algumas casas em Okun Alfa quase não se seguram em pé, fruto das constantes agressões das ondas gigantes. O mar levou completamente outras. Aliba Mohammed também perdeu a sua casa e mudou-se para outra que achava estar a uma distância segura. Mas a água já lhe bate à porta

Mureni Alakija reza na sua casa em Lagos.
Mureni Alakija reza na sua casa em Lagos. Reuters/TEMILADE ADELAJA
Praia Alpha, em Lagos.
Praia Alpha, em Lagos. Reuters/TEMILADE ADELAJA
Reuters/TEMILADE ADELAJA
Reuters/TEMILADE ADELAJA
Reuters/TEMILADE ADELAJA
Reuters/TEMILADE ADELAJA
Reuters/TEMILADE ADELAJA
Reuters/TEMILADE ADELAJA