Macron diz que é “possível” uma maioria “ampla e clara” na Assembleia Nacional francesa

Presidente francês falou ao país depois das primeiras rondas de contactos com os partidos eleitos para o Parlamento. Coligação que o apoia perdeu a maioria absoluta.

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Emmanuel Macron, Presidente de França PASCAL ROSSIGNOL/Reuters

O Presidente de França, Emmanuel Macron, acredita que é possível formar uma maioria “ampla e clara” na Assembleia Nacional, depois de se ter reunido com os líderes dos diferentes partidos políticos para tentar encontrar uma solução para a perda da maioria absoluta da coligação que o apoiava, nas legislativas de domingo.

“Acredito que, neste período crucial que estamos a viver, é possível encontrar uma maioria mais ampla e mais clara”, disse o chefe de Estado, acrescentando que espera chegar a acordos “nas próximas semanas”.

A governabilidade de França está em perigo na sequência da segunda volta das eleições, depois de a coligação Juntos, de Macron, ter falhado a renovação da maioria no Parlamento, forçando-a alcançar acordos com outros partidos para garantir a aprovação das suas iniciativas legislativas.

O Juntos (centro) elegeu 246 dos 577 deputados da Assembleia Nacional. Os Republicanos (direita) elegeram 64 deputados e a União Nacional (extrema-direita) 89. A Nova União Popular Ecológica e Social, liderada pela França Insubmissa (esquerda radical), elegeu 146 representantes.

Macron concluiu esta quarta-feira a primeira ronda de encontros com os partidos políticos. Os Republicanos já deixaram claro que não o vão apoiar. E o Presidente francês revelou que “a maioria dos líderes” com quem falou descartou a hipótese de um governo de unidade nacional.

Nesse sentido, Macron defendeu que se tem de “governar e legislar de outra forma” perante as “fracturas” que se revelaram nas eleições legislativas. “Nenhuma força política pode fazer leis sozinha. A maioria presidencial sim, é relativa”, afirmou.

“Será necessário esclarecer, nos próximos dias, a quota de responsabilidade e a cooperação que as distintas formações políticas da Assembleia Nacional estão dispostas a assumir”, disse Macron. “[França] precisa de reformas ambiciosas para criar riqueza e para inovar”.

Reeleito para o cargo em Abril, Macron chamou ainda a atenção para a “forte abstenção” nas legislativas – mais de 50%. “Não podemos ignorar as fracturas, as profundas divisões que atravessam o nosso país e que se reflectem na composição da Assembleia”, sublinhou.

Pouco depois do discurso, Jean-Luc Mélenchon, a França Insubmissa, defendeu que o “Governo é débil” e que a “Assembleia Nacional é forte”. “A primeira-ministra deve comparecer na Assembleia. Se não conseguir a sua confiança que renuncie”, exigiu, citado pelo Figaro, acrescentando que “a força deve permanecer na lei e na democracia”.


Mélenchon referia-se ao pedido de demissão apresentado por Élisabeth Borne, mas rejeitado por Emmanuel Macron.

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