Descobertas células que potenciam reconstrução de órgão essencial do sistema imunitário

Os investigadores descobriram uma “nova população de células” que contribui para a formação e actividade do timo, órgão fundamental do sistema imunitário e onde são formados os linfócitos T.

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Trabalho foi feito por cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto Fábio Augusto

Um novo subtipo de células no timo, que podem potenciar o desenvolvimento de terapias para a reconstrução daquele órgão “fundamental” do sistema imunitário, foi descoberto por cientistas do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto.

Em comunicado, o instituto revela que os investigadores descobriram uma “nova população de células” que contribui para a formação e actividade do timo, órgão fundamental do sistema imunitário e onde são formados os linfócitos T. “O timo perde muito cedo a sua capacidade de produzir células T [os linfócitos T]”, observa o i3S, lembrando que estas células são fundamentais na resposta a agentes patogénicos e tumores, mas também na prevenção de doenças auto-imunes.

Para que se consiga reactivar a produção de linfócitos T em pessoas com o sistema imunitário debilitado, torna-se “fulcral” compreender a origem das diferentes células que compõe o microambiente do timo, nomeadamente as células epiteliais, fibroblastos e células endoteliais. Nesse sentido, os investigadores olharam para este microambiente do timo e identificaram “pela primeira vez” os progenitores que dão origem aos fibroblastos tímicos e que funcionam como uma “rede de suporte” onde os linfócitos T crescem.

Citado no comunicado, Pedro Ferreirinha, um dos autores do artigo, esclarece que no timo “predomina uma população com características estaminais” e, posteriormente, a população de fibroblastos é progressivamente substituída por outra população “mais madura e funcional”. “Percebemos que estas populações partilham uma relação de proximidade em termos do seu desenvolvimento, ou seja, os fibroblastos progenitores desaparecem e dão origem a fibroblastos mais diferenciados”, refere Ruben Pinheiro, também autor do estudo, acrescentando que isso acontece quando a função tímica começa a atingir o máximo de produção de linfócitos T. Tal, salienta o investigador, reforça a ideia de que “ao longo da vida a produção de linfócitos T esgota a funcionalidade do microambiente do timo”.

Segundo os investigadores, o próximo objectivo passa por perceber se em pessoas imunodeprimidas estes subtipos de células “estão alterados ou não funcionais”. Esta descoberta pode vir a potenciar o desenvolvimento de terapias capazes de reconstruir o timo ou regenerar a sua função nos idosos e indivíduos imunossuprimidos. Quanto a esta possibilidade, o investigador Nuno Alves, que liderou o estudo, salienta que uma das soluções para corrigir a função tímica “passa por regenerar o timo envelhecido” e a outra “por reconstruir artificialmente este órgão” “Para se avançar para a segunda opção é fundamental compreender a origem das diferentes células que compõe o complexo e intrigante microambiente tímico”, acrescenta.

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