Partido Popular conquista maioria absoluta na Andaluzia

PSOE tem o pior resultado de sempre numa região historicamente governada à esquerda. Histórico crescimento do centro-direita contém subida da extrema-direita. Liberais do Cidadãos desaparecem do parlamento andaluz.

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Juanma Moreno festeja a vitória esmagadora nas eleições regionais na Andaluzia Reuters/MARCELO DEL POZO

A vitória do Partido Popular nas eleições regionais da Andaluzia deste domingo já era dada como certa por todas as sondagens conhecidas nas últimas semanas, mas a surpresa foi a maioria absoluta que os andaluzes deram ao partido de centro-direita. Com apenas 26 deputados conquistados na última legislatura, o PP elegeu 58 parlamentares, obtendo uma vitória histórica na mais populosa região de Espanha.

Passados os 55 parlamentares eleitos, as calculadoras ficaram no bolso do actual presidente da Junta da Andaluzia, Juanma Moreno, que, com uma campanha personalista, consegue segurar a presidência sem precisar de voltar a fazer cálculos para chegar a uma maioria. As sucessivas linhas vermelhas traçadas em campanha e a exigência do Vox em entrar para o governo regional caem por terra com este cenário. Com mais deputados eleitos do que toda a esquerda somada, o mapa andaluz aparece completamente pintado de azul: todas as oito províncias foram conquistadas pelos Populares.

Ao final da noite, Juanma Moreno diz que ter feito história na região e que a Andaluzia “terá quatro anos de prosperidade, honestidade e serenidade”. O presidente regional afirma que a maioria absoluta “não vai significar soberba, mas eficácia” e que vai governar “para todos”.

A vitória na Andaluzia dá ânimo ao centro-direita em Madrid, dando arranque a um novo ciclo eleitoral onde o Partido Popular se quer apresentar com capacidade de discutir a liderança do Governo com os socialistas. Ainda falta ano e meio para as eleições gerais, mas o primeiro teste da nova liderança do galego Alberto Núñez Feijóo​ foi ultrapassado com sucesso. O dado relevante foi a capacidade do PP conter o avanço da extrema-direita​ numa região onde o Vox irrompeu de forma surpreendente em 2018 (conquistando 12 parlamentares e reunindo 11% dos votos). Apesar de na última legislatura o apoio parlamentar do Vox ter sido essencial para permitir um Governo regional do PP e Cidadãos, o partido de extrema-direita acaba por ficar sem poder efectivo e tem apenas um ligeiro aumento na sua representação parlamentar. No parlamento sevilhano passa para 14 deputados eleitos.

Apesar de não declarado, em jogo esteve também o sucesso de duas visões distintas dentro do próprio PP. Ao contrário da presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, que defende uma aproximação à extrema-direita, Juanma Moreno, segue um modelo político mais moderado. Está agora nas mãos de Feijóo perceber qual a fórmula e o discurso que, a nível nacional, o vai permitir chegar à Moncloa.

A secretária-geral do PP, Cuca Gamarra, apareceu aos jornalistas em Madrid para dizer que a vitória era do seu candidato, Juanma Moreno, e dos andaluzes que escolheram uma “boa gestão, a moderação e uma outra maneira de fazer política”, num dia que “representa o fracasso do ‘Sanchismo'”. Uma maioria que representa um “resultado antagónico a um Governo débil” na Moncloa.

Os socialistas do PSOE têm nestas eleições o pior resultado de sempre numa região que dominaram durante décadas. Não conseguiram mobilizar o seu eleitorado e perderam três deputados face ao já historicamente negativo resultado de 2018 (quando elegeram 33 deputados regionais). O antigo presidente da Câmara de Sevilha Juan Espadas anunciou que, apesar do desaire eleitoral, tenciona continuar à frente do partido na Andaluzia e assumir o lugar no parlamento. Na sede nacional do PSOE justificou-se o mau resultado com o pouco tempo que a nova direcção regional do partido teve para consolidar uma alternativa de Governo. A vice-secretária geral nacional dos socialistas, Adriana Lastra, diz também que o que “estas eleições são a última paragem de um caminho desenhado pela anterior direcção do PP com três eleições autonómicas em três regiões favoráveis ao PP [Madrid, Castela e Leão e Andaluzia], mas o resultado fracassou, porque o PSOE mantém a liderança nas sondagens a nível nacional”.

À esquerda do PSOE, a coligação Por Andalucia ficou com cinco parlamentares e o Adelante Andalucia, uma cisão do Podemos, elege dois deputados.

As piores notícias chegaram para os liberais do Cidadãos, que prolongam a sua agonia eleitoral e desaparecem por completo do cenário político andaluz depois de terem já desaparecido da Assembleia de Madrid e de terem ficado apenas com um parlamentar em Castela e Leão. O actual vice-presidente do Governo regional, Juan Marín​, não consegue ser eleito para o novo parlamento e anunciou a sua demissão da liderança do partido na região.

Certo é que o bipartidismo voltou em força à Andaluzia, PP e PSOE representam mais de 67% dos votos e têm oito em cada dez lugares do parlamento de Sevilha.

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