Palcos da semana

Olga Roriz celebra Saramago com um espectáculo Deste Mundo e do Outro. Ricardo Neves-Neves embarca num Transatlântico maior. Serralves mostra a luz e a sombra de Agnès Varda. Milton Nascimento dá A Última Sessão de Música. E, na Batalha, vão as Artes à Vila.

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Milton Nascimento dá quatro concertos em Portugal na sua despedida dos palcos Marcos Hermes
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Olga Roriz coreografa Deste Mundo e do Outro, com a Companhia Nacional de Bailado Maria Rita
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Serralves inaugura Agnès Varda: Luz e Sombra Agnès Varda
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Transatlântico resulta do encontro de Ricardo Neves-Neves com a Companhia Maior José Cruz
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Pedro Mestre integra o cartaz do festival Artes à Vila DR

Últimas sessões com Nascimento

A 11 de Junho, Milton Nascimento deu um concerto na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, que a imprensa registou como um momento de consagração particularmente emotivo. Não é para menos: foi o início da digressão de despedida dos palcos. Até meados de Novembro, altura em que já terá celebrado o 80.º aniversário, vai dar A Última Sessão de Música (nome “roubado” a uma canção do álbum de 1973 Milagre dos Peixes) aos fãs brasileiros, americanos e europeus. Portugal tem direito a quatro. O músico garante tocar temas como Ponta de areia, Encontros e despedidas, Travessia, Cio da terra e Nos bailes da vida. “O resto é surpresa”, acrescenta.

Roriz no mundo de Saramago

É com um espectáculo Deste Mundo e do Outro que Olga Roriz se associa à celebração do centenário do nascimento de José Saramago. O título vem de um livro que condensou crónicas publicadas em finais dos anos 1960. Mas a inspiração vem de toda a obra do Nobel, dessa “herança maior” que são “as suas palavras, o seu mundo, a sua visão feita pensamento, sentir, emoção”, sublinha a coreógrafa. Os seus universos cruzam-se em questões como “os caminhos tortuosos do ser humano, o seu sofrimento, a sua dor, a perplexidade frente ao amor e à morte e a injustiça, a violência, os direitos humanos, a desigualdade”, exemplifica. Nesta dança movida por “uma homenagem à vida” e aos seus contrastes, entram os bailarinos da Companhia Nacional de Bailado, a que Roriz está ligada desde 1985, mas com a qual não trabalhava desde 2014, ano de Orfeu e Eurídice.

Três vidas de luz e sombra

Agnès Varda (1928-2019) gostava das imagens, das palavras e das pessoas. Falava em inspiração, criação e partilha como guias. Também afirmou “ter tido três vidas: primeiro como fotógrafa, depois como cineasta e, finalmente, como artista plástica”, lê-se na nota de imprensa de Serralves a propósito da exposição que está prestes a inaugurar. Estão representadas essas três vertentes, mas a partir de uma perspectiva assente em oposições – denunciada desde logo pelo título, Agnès Varda: Luz e Sombra – que procura “revisitar polaridades constitutivas do trabalho da artista”. Com curadoria de António Preto, director da Casa do Cinema, dá a ver, por exemplo, as instalações Uma cabana de cinema: a estufa da felicidade (2018) e Patatutopia (2003), mas não sem antes acolher os visitantes com as imagens do momento em que Manoel de Oliveira imitou Chaplin para a câmara de Agnès, em 2009, nos jardins da fundação.

Encontro Transatlântico

Composta por intérpretes com mais de 60 anos, a Companhia Maior ainda é jovem (nasceu em 2010), mas já tem no currículo colaborações com criadores como Marco Martins, Joana Craveiro, Pedro Penim, Tónan Quito, Mónica Calle ou Tiago Rodrigues. Este ano, foi o encenador Ricardo Neves-Neves quem entrou em campo. O resultado do encontro está em Transatlântico, uma versão muito livre de Titanic, de Christopher Durang, em tom cómico e musical. A bordo desta peça em que, segundo a sinopse, “um capitão e a sua família pegam no leme rumo a um destino incerto”, cruzam-se várias histórias e personagens. E também chinchilas e folar de Olhão.

Da capela às gárgulas

Durante a pandemia, as Artes à Vila nunca deixaram de se manifestar. Ora online, ora em formato misto, o festival foi fazendo eco a partir do Mosteiro da Batalha. Este ano, retoma o carácter puramente presencial. Os concertos e o público reentram nas Capelas Imperfeitas para escutar Hélder Bruno, Paulo de Carvalho, Pedro Mestre e Valter Lobo. Mas há mais: Daniel Seabra instala-se com o circo contemporâneo de Raiz no Claustro Real, onde também haverá uma demonstração de Danças com História (trajada ao rigor da época da Dinastia de Avis) e o espectáculo infantil O Pente do Careca. Entre outras actividades (como um workshop de fotografia em festivais de música), o programa vai ainda Do Céu ao Solo, nome de um conjunto de visitas guiadas às gárgulas do mosteiro.

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