Reino Unido aprova extradição de Julian Assange para os EUA

A ministra britânica do Interior aprovou a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, onde é acusado de 18 crimes e onde poderá enfrentar uma sentença de 175 anos. O fundador da WikiLeaks ainda pode recorrer da decisão.

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O caso de Julian Assange já se arrasta há mais de uma década Reuters/Henry Nicholls

A ministra britânica do Interior, Priti Patel, aprovou esta sexta-feira a extradição do fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos, onde é acusado de 18 crimes.

As autoridades americanas acusam Assange de crimes vários crimes - incluindo espionagem - após a divulgação de milhares de documentos confidenciais relacionados com os EUA que, segundo Washington, colocaram vidas em perigo.

Os apoiantes do jornalista apelidam-no de herói, afirmando que foi vitimizado porque expôs irregularidades dos EUA nas guerras no Afeganistão e Iraque, e que a sua acusação é um ataque político ao jornalismo e à liberdade de expressão.

O Ministério do Interior disse que a extradição de Assange foi agora aprovada, mas que o jornalista ainda pode recorrer da decisão. No Twitter, a página do WikiLeaks divulgou que o faria, acrescentando que, no país, enfrentará uma pena de até 175 anos.

No comunicado publicado na rede social pode ainda ler-se: “Julian não fez nada de mal. Ele não cometeu crime algum e não é um criminoso... Estava nas mãos de Priti Patel fazer o que é certo. Mas será sempre lembrada por ser cúmplice da agenda dos Estados Unidos da América, que quer tornar o jornalismo de investigação um crime”.

Em declaração, o Ministério do Interior afirmou que “neste caso, os tribunais britânicos não consideraram que seja opressivo, injusto ou um abuso extraditar o Sr. Assange”. O Ministério também não considera que “a extradição seja incompatível com os direitos humanos, incluindo o direito de Assange a um julgamento justo e à liberdade de expressão, e que, enquanto estiver nos EUA, será tratado adequadamente, incluindo no que toca à sua saúde”.

Inicialmente, um juiz britânico decidiu que o fundador da WikiLeaks não devia ser deportado, afirmando que, com os seus problemas de saúde mental, Assange poderia suicidar-se caso fosse condenado e encarcerado numa prisão de segurança máxima.

No entanto, essa decisão foi alterada depois de recurso dos EUA, que ofereceram um pacote de garantias de segurança, incluindo uma promessa de que Assange poderia ser transferido para a Austrália, onde cumpriria a sentença.

A decisão tomada esta sexta-feira por Patel não significa o fim do caso de Assange, que já se arrasta há mais de uma década. O jornalista pode lançar um recurso no Supremo Tribunal de Londres ou até ao Supremo Tribunal do Reino Unido. Mas se o recurso for recusado, Assange será extraditado no prazo de 28 dias.

“Este é um dia negro para a liberdade de imprensa e para a democracia britânica”, afirmou a mulher de Assange, Stella. “Hoje não é o fim da luta. É apenas o início de uma nova batalha legal.”

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