Música

Em Lisboa, nasceu um estúdio que muda “consoante o humor” do músico

O estúdio de gravação de aspecto futurista foi desenhado pelo arquitecto Daniel Campos e está em funcionamento desde Junho.

João Bessone
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João Bessone

Um “casulo sónico” destinado a artistas musicais onde as luzes e a atmosfera futurista assumem o papel de destaque. É assim que Yassir Manji e Francesco Meoli definem o projecto InSound Studios – um espaço de gravação destinado a “uma comunidade de artistas em expansão”, incluindo músicos, videógrafos, filmakers e beatmakers.

“O InSound começou como uma tentativa de respondermos a um problema da ausência de estúdios de gama média-alta de qualidade que as pessoas pudessem utilizar para produzir e trabalhar como profissionais da música”, explica ao P3 Yassir, fundador do projecto.

A ideia começou a ser pensada em 2018, mas só começou a ganhar forma em 2020, momento em que a equipa encontrou o espaço ideal: um antigo armazém farmacêutico no bairro das Olaias, em Lisboa. É neste momento que surge Daniel Campos, o arquitecto responsável pelo projecto, que ficou concluído em Março de 2022.

O espaço é composto por sete estúdios de gravação e uma sala de convívio destinada “à partilha de conhecimentos entre artistas”, explica Francesco, produtor musical e curador do InSound. No estúdio, que funciona como um casulo, destacam-se as paredes e os tectos pintados de preto e revestidos com valchromat, um “material com acabamento luxuoso que não tem necessariamente de ser caro”, utilizado em alternativa ao pladur, explica o arquitecto. “Cada sala envolve cerca de 20 centímetros de camadas de materiais e tanto o tecto como o chão cresceram dez centímetros. Além disto, havia a preocupação com o facto de o ar dentro das salas ser respirável”, acrescenta.

Para o arquitecto de 35 anos, que tem no InSound o primeiro projecto em nome próprio, desenhar um espaço como este é mais desafiante e arriscado do que qualquer outro, até uma casa. A começar pela cor escolhida para (quase) todas as paredes: uma tonalidade escura, quase preta, designada por RAL 9005 que, curiosamente, partilha o nome com um álbum dos Tiefschwarz.​ “Foi coincidência”, assegura o arquitecto.

À medida que os olhos vagueiam pelo espaço, a escuridão do “casulo” acaba por ser normal. No fundo, é como se fosse uma gruta acolhedora. Entre a passagem por dois espaços, há uma sala de paredes brancas que quebra a paleta cromática do estúdio. “É a sala de convívio que acaba por ser a bolha destas pessoas que estão a trabalhar no espaço e, desta forma, optamos por destacá-la do ambiente escuro”, detalha.

A par disto, o espaço está repleto de luzes que podem assumir as mais variadas cores, “consoante o humor do artista”, diz o arquitecto. “Se estiver no mood de roxo, é essa a cor que vai inundar a sala. Se no dia seguinte quiser mudar para verde também o pode fazer.” As luzes também são a principal forma de comunicação entre os utilizadores do espaço: é por isso que a cor vermelha significa que o artista não quer ser incomodado, a verde dá livre passagem, enquanto a branca simboliza que apesar de estar a decorrer algum trabalho, a entrada é permitida — aqui tudo foi pensado para não incomodar quem está a gravar.

O InSound Studios está aberto 24 horas por dia desde 1 de Junho. Quem quiser pode arrendar o estúdio pelo preço inicial de 425 euros por mês. Para visitar o espaço basta uma pré-inscrição no site.

João Bessone
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