Ucrânia não poderá receber Festival da Eurovisão em 2023

País não tem capacidade para organizar o evento, conclui painel de peritos da União Europeia de Radiodifusão. Reino Unido, que ficou em segundo lugar no concurso, poderá vir a acolher a próxima edição.

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O Festival da Eurovisão é uma das mais exigentes e complexas produções televisivas do mundo YARA NARDI/REUTERS

Depois de chegar à conclusão, para muitos óbvia, de que um país a braços com uma guerra ou com as suas consequências, num cenário mais optimista seria incapaz de receber o concurso em 2023, os organizadores do Festival da Canção da Eurovisão anunciaram esta sexta-feira “com tristeza e desilusão” que a próxima edição do evento não se realizará na Ucrânia. O Reino Unido pode, agora, vir a ser o anfitrião deste evento que nos últimos anos parece ter ganho novo fôlego.

A Ucrânia foi o país vencedor este ano, com a canção Stefania, da Kalush Orchestra. Por tradição, interrompida apenas um punhado de vezes em mais de seis décadas, cabe a quem ganha preparar o festival no ano seguinte, mas a organização veio assumir agora que, devido à invasão russa de 24 de Fevereiro, e a guerra que a partir daí se instalou naquele território, não há condições operacionais para a realização do evento em solo ucraniano.

Esta falta de condições, apurada por um painel de peritos em televisão e em segurança, levou a organização, a União Europeia de Radiodifusão, a pedir à britânica BBC – o Reino Unido conquistou o segundo lugar na edição de 2022 com Space man, de Sam Ryder que se encarregue do festival em 2023.

Numa comunicação citada pelo diário The Guardian, a União Europeia de Radiodifusão lembrou que a Eurovisão “é uma das mais complexas produções televisivas do mundo”, mobilizando milhares de pessoas ao longo de 12 meses de preparativos, o que representa um esforço financeiro e humano que a cadeia pública de televisão da Ucrânia não pode agora assegurar.

“É nossa intenção que a vitória da Ucrânia se reflicta no espectáculo do próximo ano”, acrescentou a União Europeia de Radiodifusão, aqui citada pelo diário norte-americano The New York Times. “Isto será uma prioridade para nós nas conversas com os eventuais anfitriões.”

Ao Guardian, um porta-voz da BBC disse que a televisão púbica britânica está “naturalmente disponível” para considerar a realização do evento no Reino Unido, admitindo, no entanto, que as circunstâncias em que a mudança ocorre não são do agrado de ninguém.

A Ucrânia ganhou a edição deste ano, sobretudo e como esperado, graças à solidariedade popular. No final da votação dos júris, o país estava em quarto lugar, a 91 pontos do Reino Unido, que parecia destinado a vencer. Foram os 439 pontos resultantes da votação popular nos 40 países da Eurovisão que retiraram a liderança a Sam Ryder e ao seu Space man, entregando-a à Kalush Orchestra e à sua Stefania.

Depois da vitória a 14 de Maio (madrugada em Kiev), o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, saudou os músicos e expressou o desejo de que o festival de 2023 se realizasse na cidade de Mariupol, uma das mais atingidas pelas tropas do Kremlin, palco de atentados particularmente dramáticos contra as populações civis, hoje alvo de investigação por diversas organizações internacionais. A acontecer, seria a terceira vez que a Ucrânia receberia o concurso, depois das edições de 2005 e 2017, ambas em Kiev.

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