Cinco anos depois do Turno da Noite, Três Bairros voltam com Sempre a Considerar

O trio de Santarém está de regresso aos discos de originais com novas sonoridades e um novo vocalista. Sempre a Considerar, o novo álbum, é lançado esta sexta-feira.

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Os Três Bairros, hoje: João Correia, Ricardo Gama e Bruno Ribeiro DR

Já tocam há uma década, desde 2012, embora a sua fundação oficial date de 2015. São os Três Bairros, trio nascido em Santarém e que agora lança o seu segundo álbum, Sempre a Considerar. Com algumas mudanças em relação ao anterior. No disco O Turno da Noite (2017) a sua sonoridade era sobretudo acústica, mas agora acrescentaram-lhe a guitarra eléctrica. E têm um novo vocalista. Se o trio original era composto por João Correia (na guitarra clássica), Ricardo Gama (guitarra portuguesa) e Guilherme Madeira (voz), com a saída deste último entrou Bruno Ribeiro, tocando agora João Correia também guitarra acústica e guitarra eléctrica. É ele, aliás, quem explica ao PÚBLICO estas mudanças:

“O Guilherme saiu em finais de 2020 e o Bruno entrou no início de 2021. Ele era meu colega de escola, aqui em Santarém, e já era uma pessoa bastante batida no meio: fez backing vocals com o Carlão e tinha participado, na televisão, em programas como o Rising Star e o All Together Now. Embora fosse um bocado diferente do registo que nós tínhamos antes, pensei que era a pessoa certa, mas como queríamos dar um salto no estilo de música que fazemos, achámos que ele era super competente para fazer isso.”

E ele começou logo a cantar com eles as canções do primeiro disco, que tinha uma grande variedade de autores no que toca às letras: além de Guilherme Madeira e João Correia, as canções contavam ainda com as assinaturas de João Diogo Costa, Mário Rui, Carminho, João Monge, Tim, Jorge Palma, além de um poema de Fernando Pessoa.

“O primeiro CD vivia muito do fado canção”, diz João. “Usávamos muito a guitarra portuguesa e a viola e pouco saíamos desse registo. As principais influências vinham daí. Lembro-me de que o Guilherme gostava muito do Zambujo, o Ricardo, porque toca guitarra, é muito ligado às músicas do Carlos Paredes e às guitarradas, e apesar de termos uma onda mais ligada à música rock e à clássica, esse era um CD mais tradicional.” Já o novo disco vai por outros caminhos. “Temos guitarra eléctrica, guitarra acústica, quisemos dar um passo à frente no nosso som, porque nos apetece tocar de uma certa maneira. Acho que este segundo CD vai muito mais ao encontro daquilo que são verdadeiramente os Três Bairros.”

O nome do grupo nasceu da pressão de um acaso. “Nós éramos três e, como sempre, as nossas decisões são sempre à última da hora. Tínhamos um concerto marcado, mas não tínhamos nome. Então fomos buscar Três Bairros, que é o nome de um fado tradicional, e achámos que encaixava que nem uma luva. Até porque as alternativas eram péssimas.” E Três Bairros ficaram. As letras, que mantêm em grande parte a ironia das anteriores, são agora todas deles, à excepção de Amor antigo, de João Diogo Costa (que já escrevera Anda lá! Casa comigo para o disco anterior) e de uma versão de um tema de Sebastião Antunes & Quadrilha intitulado Sabes, eu também, que fecha o disco. “O Amor antigo, que só agora gravámos, foi de facto a primeira música dos Três Bairros. Tocámo-la ainda antes de termos este nome, numa noite de serenatas em Coimbra, no ano de 2012.”

Gravado nos estúdios “Pé de Vento”, produzido pelos Três Bairros e por Fernando Nunes (que assegurou a gravação, mistura e masterização do disco), Sempre a Considerar tem um total de doze temas, de Música d’avó, a abrir, até ao já citado Sabes, eu também. Os restantes são Má sorte, Bater com a porta, Oh linda!, 1+1, Sempre a considerar, Dias bons dias maus, Fado eclipse, Amor antigo, O meu mundo junto ao teu e Suite ‘O Início’. As primeiras apresentações ao vivo serão este mês. “Vamos tocar no dia 24 em Santarém, no W Shopping, porque foi um dos nossos patrocinadores, e dia 28 em Lisboa, no Vinil, em Alcântara. E estamos a marcar mais umas datas, mas ainda não estão fechadas.”

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A capa do novo CD

O tema que dá título ao disco tem uma pequena e curiosa história. “Andávamos, para não variar, à procura de um nome”, recorda João Correia. “E eu tenho aqui um padeiro, que costuma trazer-me pão a casa, que sempre que eu ia comprar pão, dava como resposta a tudo ‘Sempre a considerar’. Eu dizia: ‘Arranje-me aí dois destes pães, mais três daqueles…’ e ele respondia-me ‘Oh amigo, sempre a considerar, sempre a considerar.’ Um dia, contei isso aos meus colegas e, depois do ensaio, fomos beber um copo para refrescar a garganta. E não é que a gente chega ao café e, ao pedir três imperiais, o homem responde ‘Oh amigo, isto é sempre a considerar’? Então decidimos que este é que seria o nome do disco: Três Bairros, Sempre a Considerar. Mas é um estilo de vida em que estamos bem, com vontade e com ganas de viver. E o importante é isso, também.”

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