A adesão da Ucrânia à UE e a estranha posição portuguesa

Há dois meses que Portugal, pela voz do primeiro-ministro, se mostra altamente ambíguo quanto à perspectiva europeia a dar à Ucrânia. Portugal arvorou-se mesmo no campeão dos Estados-membros mais reticentes e relutantes. Isto pode agradar aos líderes do eixo franco-alemão, mas não serve os interesses portugueses nem europeus

1. A ideia da adesão da Ucrânia à União Europeia afigurava-se totalmente implausível antes da data crítica de 24 de Fevereiro. Até os casos da Geórgia ou da Moldávia, que se haviam por altamente improváveis, eram considerados mais plausíveis. A Ucrânia, sendo encarada pela Rússia como a “jóia da coroa”, teria, na melhor das hipóteses, o destino da Finlândia do pós-guerra. Ninguém desejava a sua adesão; ninguém contava com ela. Esta é, pois, a grande mudança trazida pela guerra de agressão da Rússia: hoje todos se confessam apoiantes de uma integração europeia plena. O desígnio europeu da Ucrânia é agora inquestionavelmente realista e atingível. A Ucrânia formalizou entretanto o seu pedido de adesão. Decorrido os passos preliminares, a Comissão Europeia vai emitir a sua opinião, que será decerto positiva, ficando nas mãos do Conselho Europeu de 23-24 de Junho o destino da concessão do estatuto de “país candidato”.

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