Cartas ao director

Faltam médicos

As notícias sobre a falta de médicos nas urgências hospitalares têm meses ou anos e, mesmo assim, os diferentes governos não têm conseguido resolver o problema. Tudo começou há vários anos quando, consecutivamente e ano após ano, a Ordem dos Médicos se manteve sempre contra o aumento do número de estudantes a frequentar o curso de Medicina, tentando garantir os 100% de empregabilidade para os médicos que se iam formando. Seguidamente, a situação agravou-se com Passos Coelho e a sua política de baixos salários na saúde, médicos e enfermeiros, e após 2016 António Costa ainda não foi capaz de resolver um problema que é cada vez mais grave e que vai abranger, a curto prazo, cada vez mais portugueses.

Como o Serviço Nacional de Saúde, por culpa do Governo, não tem meios para contratar médicos oferecendo-lhes condições iguais ou semelhantes às oferecidas pelos privados, os médicos saem do SNS e quem sofre são os portugueses. A responsabilidade de António Costa nesta matéria é enorme e é urgente que consiga encontrar, rapidamente, uma solução. Os serviços de urgência hospitalares fechados por falta de médicos têm que acabar. O tempo não é de pedir desculpa. O tempo é de acção (…).

Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora

A corporação

Já passaram mais de 30 anos desde que uma ministra da Saúde, Leonor Beleza, ousou enfrentar uma das corporações mais poderosas do país, os médicos. Como seria de esperar, dada a desproporção de recursos, acabou vilipendiada na praça pública e livrou-se da prisão por uma unha negra.

Já lá vai o tempo em que se era médico por vocação. Hoje, o que fala mais alto é o dinheiro. E os médicos já não fazem segredo disso. Querem mais dinheiro ou o sistema vai abaixo.

A greve é um incómodo e mancha muito o prestígio da classe. É muito mais simpático aos olhos da opinião pública que os médicos que tratam de crianças e grávidas resolvam todos tirar um fim-de-semana alargado, ao mesmo tempo.

Manter altíssimas as médias de acesso a cursos de Medicina (noutros países europeus cursa-se Medicina com menos quatro ou cinco valores na nota de acesso) e atrasar ao máximo a luz verde para que médicos estrangeiros possam exercer em Portugal, é suficiente para garantir que nada muda na corporação.

J. Sequeira, Lisboa

Portugal adormecido

Passaram-se três semanas e continuamos a estar nos lugares cimeiros a nível mundial, em termos relativos, de novos casos covid-19 e até já somos também líder em óbitos. E a Direcção Geral da Saúde não se preocupa com as razões para tal? Porquê nós? Não haverá ninguém que pergunte porquê? Era importante procurar todas as possíveis razões para não cairmos nos eventuais erros cometidos.

Mas, o que é ainda mais preocupante, é o país, o Governo, o povo e a sociedade civil estarem desinteressados activamente em estudar, resolver ou melhorar de forma sustentada e reformada todas as situações sanitárias, sociais, profissionais, judiciais, etc. Faz 50 anos que Mário Soares lançou o livro Portugal Amordaçado. Não haverá alguém interessado e com coragem em lançar um livro Portugal Adormecido?

Jorge Calado, Lisboa

Carmo Afonso esteve bem

Para não ser acusado de criticar tudo e todos da esquerda, em especial Carmo Afonso, venho, qual Egas Moniz com mão no teclado, reconhecer que o seu artigo de ontem a propósito da condecoração do “Luís enfermeiro” é notável, certeiro e um retrato muito triste da diáspora portuguesa. Marcelo esteve (e está) mal na questão da atribuição de medalha a tudo que mexe. O excesso de condecorados vulgariza o acto em vez de o dignificar.

António Maria Correia Lamas, Montijo

Aprender a poupar

Antigamente não se via uma peça de fruta nas ruas, nem sacos com roupa usada junto a contentores de lixo. Bem-haja quem não deita dentro do contentor roupa que pode ser aproveitada. Hoje, o nível de vida subiu, a sociedade de consumo oferece tudo e mais alguma coisa. Até os bancos abriram os olhos e apertaram os bolsos a muitos portugueses com os cartões de crédito. Os tempos de bonança estão a chegar ao fim. As consequências da guerra Ucrânia/Rússia e os embargos vão deixar na penúria muitos milhares de portugueses. É preciso aprender a poupar. Comprar bens de consumo mais baratos é uma das soluções. No Portugal de 2022, quem se baixa para pegar em moedas de cêntimo caídas no chão?

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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