Biden diz que Zelensky “não quis ouvir” quando foi avisado que a Rússia ia invadir a Ucrânia

Os EUA afirmaram ter dados para comprovar que Putin se preparava para invadir a Ucrânia, mas que “Zelensky não quis ouvir”. O Presidente ucraniano contraria estes comentários e devolve culpas aos EUA.

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"Tínhamos dados para sustentar que o [Presidente russo, Vladimir Putin] iria entrar, fora da fronteira”, declarou Joe Biden Reuters/KEVIN LAMARQUE

O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou que o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, “não queria ouvir” quando os serviços secretos dos Estados Unidos recolheram informação que provava que a Rússia estava a preparar uma invasão à Ucrânia.

“Nada assim aconteceu desde a Segunda Guerra Mundial. Eu sei que muitas pessoas pensaram que talvez eu estava a exagerar. Mas eu sabia que tínhamos dados para sustentar que ele [o Presidente russo, Vladimir Putin] iria entrar, fora da fronteira”, declarou Joe Biden, citado pela Bloomberg, durante uma convenção em Los Angeles. “Não havia dúvidas. E Zelensky não o queria ouvir”, acrescentou.

O porta-voz do Presidente da Ucrânia, Sergei Nikiforov, respondeu a Joe Biden, contrapondo que Zelensky pediu sanções preventivas contra a Rússia antes da invasão em larga escala, mas que os seus parceiros “não quiseram ouvir”.

Nikiforov declarou que, naquela época, Zelensky teve três ou quatro conversas telefónicas com Biden e que os líderes trocaram pontos de vista e avaliações da situação. “Portanto, a frase usada por Biden [de que Zelensky] ‘não queria ouvir’ provavelmente vai precisar de esclarecimento”, afirmou.

Outro porta-voz de Zelensky, Mykhailo Podolia, disse que a Ucrânia entendeu que a Rússia estava a planear uma invasão e que se começou a preparar para esse cenário. “Nós estamos a resistir ao agressor há mais de 100 dias, mas os nossos aliados não foram capazes de parar a Rússia em forma de precaução”, disse ele.

Concluiu que Zelensky sempre esteve atento aos avisos, mas que a escalada da invasão da Rússia “chocou muitos países”, incluindo os seus parceiros.

Antes de iniciar a invasão à Ucrânia, no dia 24 de Fevereiro, a Rússia passou semanas junto da fronteira ucraniana com o alegado objectivo de desemprenhar exercícios militares. Os serviços de inteligência norte-americanos já haviam reunido informação sobre os planos de invasão russos no Outono de 2021.

Em Janeiro, os Estados Unidos afirmaram que existia a probabilidade de o Kremlin invadir a Ucrânia em breve. Nessa altura, Volodymyr Zelensky pediu a Biden para acalmar as mensagens sobre a invasão, escreve o Business Insider, que lembra declarações à CNN de uma fonte não identificada.

Desde o início da guerra, o Governo norte-americano tem anunciado pacotes milionários de apoio humanitário e militar à Ucrânia, incluindo os sistemas lançadores de mísseis de longo alcance Himars.


Actualizada às 14h20 com a reacção da Ucrânia às palavras de Joe Biden

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