Austrália indemniza França por compra cancelada de submarinos

Governo de Canberra vai pagar 555 milhões de euros à empresa francesa Naval Group. Primeiro-ministro Anthony Albanese diz que relação entre os dois países pode agora avançar.

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O primeiro-ministro da Austrália quer repor a boa relação com a França EPA/PAUL BRAVEN

O novo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, anunciou este sábado que a Austrália pagará 555 milhões de euros à empresa francesa Naval Group como compensação pelo cancelamento, em Setembro de 2021, de um acordo de 38 mil milhões de euros para a venda de doze submarinos.

“O Governo anterior tomou a decisão de rescindir o contrato para a Força de Defesa Australiana. [Agora] Chegámos a um acordo justo e equitativo de 555 milhões de euros com o Naval Group”, detalhou Albanese num comunicado.

Desta forma, o Governo da Austrália procura “avançar” na relação com França, que tinha sido afectada após o anterior Executivo ter concordado em criar uma aliança de compra e venda de submarinos com o Reino Unido e os Estados Unidos, conhecida como AUKUS.

Albanese assegurou que, “agora que o assunto está resolvido”, a relação entre Austrália e França pode “avançar”. “A Austrália e a França compartilham profundos laços históricos, forjados através do sacrifício comum na guerra”, acrescentou o primeiro-ministro australiano.

Da mesma forma, o primeiro-ministro australiano destacou que ambos os países são “democracias vibrantes, comprometidas com a defesa dos Direitos Humanos”, bem como o “papel e compromisso activo da França” no Indo-Pacífico.

“Dada a gravidade dos desafios que enfrentamos tanto na região quanto no mundo, é essencial que a Austrália e a França se unam mais uma vez para defendermos os nossos princípios e interesses partilhados: a primazia do direito internacional, o respeito à soberania e a rejeição de todas as formas de coerção, para além de tomar medidas decisivas contra as mudanças climáticas”, acrescentou Albanese.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, chegou a acusar o então primeiro-ministro australiano Scott Morrison, em Novembro de 2021 de mentir para ele sobre a venda frustrada de submarinos após a criação do AUKUS.

“Tenho muito respeito pelo seu país. Tenho muito respeito e muita amizade pelo seu povo. Digo simplesmente que, quando há respeito, é necessária sinceridade e um comportamento consistente”, disse Macron, lamentando, em entrevista ao jornal The Sydney Morning Herald que a “relação de confiança” entre os dois países tinha sido “quebrada”.

Por sua vez, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reconheceu pouco tempo depois, diante de Macron, que a crise desencadeada pela venda frustrada de submarinos foi resultado de “uma falta de jeito” da Casa Branca, num gesto que o Presidente francês entendeu como ponto de partida para o fortalecimento da relação bilateral com uma visão “para o futuro”.

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