Hollande surge na campanha de socialistas que não apoiam Mélenchon

Partido Socialista viu um tribunal aceitar um recurso contra decisão judicial que obrigava a convocar uma reunião magna com militantes para decidir adesão à aliança das esquerdas.

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O ex-Presidente decidiu em 2017 não se apresentar novamente a eleições EPA/GEORGES GOBET / POOL

A direcção do Partido Socialista francês decidiu juntar-se à Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES) liderada por Jean-Luc Mélenchon, mas houve muitos militantes que não alinharam e correm em pista própria nestas legislativas.

Uma das figuras mais destacadas dentro do partido a opor-se ao acordo com França Insubmissa, Verdes e Comunistas foi François Hollande, que logo no dia em que a união foi formalizada disse que “o PS terá decidido desaparecer”.

Nos últimos dias, o ex-Presidente francês tem estado a fazer campanha junto de candidatos socialistas dissidentes. “Há algumas circunscrições em que os socialistas estão muito mais bem colocados para que a esquerda ganhe”, justificou Hollande no departamento de Mosela, onde o desinteresse dos cidadãos parece ser o principal adversário. “O desafio principal é convencer que as legislativas são mais importantes que as presidenciais, porque não é o Presidente, mas a Assembleia Nacional que vota as leis”, afirmou, citado pelo Le Monde.

Esta semana, quatro militantes socialistas descontentes com o acordo com a NUPES apresentaram uma queixa na Justiça contra a direcção do partido por esta ter decidido em conselho nacional, e não em convenção, a adesão à aliança das esquerdas. Um tribunal deu-lhes razão e obrigou os socialistas a realizarem uma reunião que incluísse os militantes na escolha no prazo máximo de um mês.

“Se os militantes tivessem sido consultados, o resultado seria sem dúvida diferente. Não aplicaram os estatutos porque sabiam que se houvesse uma convenção nacional teriam sido derrotados”, acusou Patrick Mennucci, de uma corrente minoritária do partido, numa reunião convocada de urgência pela direcção para reagir à decisão judicial.

“Num momento em que a união da esquerda e da ecologia está com uma verdadeira dinâmica política, alguns membros desejam fazer o jogo da maioria presidencial”, criticou Corinne Narassiguin, subsecretária-geral, anunciando um recurso.

Um tribunal de segunda instância aceitou o recurso esta sexta-feira, segundo o partido: “A validação do acordo pelo conselho nacional a 5 de Maio foi feita de acordo com os nossos estatutos.”

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