Assalto ao Capitólio. Comissão põe Trump no centro de “tentativa de golpe”

Na apresentação das primeiras conclusões sobre a investigação, a comissão revelou um vídeo inédito com momentos da invasão e testemunhos do círculo mais próximo do ex-Presidente.

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Na primeira audiência desta comissão, esteve a testemunhar Caroline Edwards, agente das forças policiais do Capitólio, que sofreu ferimentos graves durante o assalto JONATHAN ERNST/Reuters

A comissão parlamentar que está a investigar o papel de Donald Trump no assalto ao Capitólio disse, esta quinta-feira, que a agressão não foi um momento espontâneo, mas uma “tentativa de golpe” na qual o ex-Presidente teve um papel central.

Na apresentação das primeiras conclusões sobre a investigação, a comissão revelou um vídeo de 12 minutos, nunca antes visto, com momentos da invasão violenta e testemunhos do círculo mais íntimo de Trump.

O painel argumentou que as repetidas mentiras de Trump sobre fraude eleitoral e o esforço público para impedir a vitória de Joe Biden, nas eleições de 2020, levaram ao ataque e colocaram em perigo a democracia norte-americana, referiu a agência Associated Press (AP).

"A democracia continua em perigo”, disse o democrata e presidente da comissão Bennie Thompson durante a audiência, transmitida em horário nobre.

"Seis de Janeiro foi o culminar de uma tentativa de golpe, uma tentativa descarada – como disse um agitador pouco depois de 6 de Janeiro – de derrubar o governo”, acrescentou Thompson. E frisou: “A violência não foi um acidente”.

Num dos vídeos é possível ver membros dos Oath Keepers e dos Proud Boys, grupos de extrema-direita, a prepararem-se para entrar no Capitólio.

Na primeira audiência desta comissão, esteve também a testemunhar Caroline Edwards, agente das forças policiais do Capitólio, que sofreu ferimentos graves durante a invasão.

A vice-presidente do painel e congressista do partido republicano Liz Cheney, que liderou grande parte da audiência, acusou Donald Trump de convocar “uma multidão violenta”.

“Quando um presidente falha em tomar as medidas necessárias para preservar a nossa união – ou pior, causa uma crise constitucional – estamos num momento de perigo máximo para a nossa república”, disse Cheney

Trump elogia invasão

O Presidente Joe Biden, que se encontra em Los Angeles a participar na Cimeira das Américas, disse que muitos espectadores “vão ver pela primeira vez muitos detalhes” do assalto.

Já Donald Trump elogiou, esta quinta-feira, a invasão do Capitólio, tentando legitimá-lo como um protesto contra uma eleição que diz ter sido manipulada (uma alegação sem fundamento).

“Seis de Janeiro não foi apenas um protesto, foi um dos maiores movimentos da história do nosso país para tornar a América grandiosa novamente”, disse o antigo chefe de Estado, numa alusão ao slogan que utilizou nas eleições de 2016, “Tornar a América Grandiosa Novamente”.

Naquele dia, milhares de apoiantes do ex-Presidente republicano reuniram-se em Washington num comício para denunciar o resultado da eleição de 2020, de que Trump saiu derrotado.

As imagens de uma multidão a invadir a sede do Congresso dos Estados Unidos chocaram o mundo.

Por muitos meses, a chamada Comissão 6 de Janeiro – sete democratas e dois republicanos – ouviu mais de mil testemunhas, incluindo dois filhos do ex-Presidente e analisou 140 mil documentos para esclarecer a responsabilidade exacta de Donald Trump no evento que abalou a democracia norte-americana.

Os apoiantes da comissão consideram este trabalho essencial para garantir que um dos episódios mais sombrios da história dos Estados Unidos nunca se repita. No entanto, a maioria dos republicanos denuncia o trabalho do grupo de congressistas eleitos da comissão como uma “caça às bruxas”.

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