Basta uma semana sem redes sociais para melhorar a saúde mental

Um novo estudo publicado na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking concluiu que bastaria uma semana longe de redes sociais como o TikTok e o Twitter para atenuar sintomas de depressão ou ansiedade.

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O uso prolongado das redes sociais pode aumentar a probabilidade de desenvolvimento de doenças mentais Visuals/Unsplash

Não é novidade que o uso prolongado das redes sociais possa levar à deterioração da saúde mental dos utilizadores, em especial dos mais jovens, agravar sintomas de ansiedade ou aumentar probabilidades de desenvolvimento de depressão. Um novo estudo, assinado por investigadores do departamento de Saúde da Universidade de Bath, no Reino Unido, traz agora uma experiência para evidenciar os benefícios de um log out das redes sociais, mesmo que (só) dure uma semana.

De acordo com o estudo Taking a One-Week Break from Social Media Improves Well-Being, Depression, and Anxiety, sete dias longe de plataformas como o TikTok ou o Twitter permite recuperar uma sensação de bem-estar e reduzir sintomas de depressão e ansiedade.

A interrupção desse hábito diário deu aos que participaram nesta experiência cerca de nove horas de tempo livre por semana, que terão contribuído para o seu bem-estar, explicam os autores.

“Se sentes que usas as redes sociais em demasia e que isso está a ter um impacto negativo na tua saúde mental, então talvez valha a pena fazer uma pausa e conseguir pelo menos algumas melhorias a curto prazo”, disse Jeff Lambert, um dos autores do estudo e professor de Psicologia da Saúde na Universidade de Bath.

Também as gigantes da tecnologia, como a Meta de Mark Zuckerberg, que é dona do Instagram e do Facebook, têm conhecimento das consequências do uso excessivo das redes sociais. Em 2021, uma reportagem do The Wall Street Journal, baseada em documentos internos do Facebook, revelou que a empresa sabia que o Instagram piorava a auto-estima e era associado pelos seus utilizadores a ideação suicida, depressão e aumento da ansiedade.

De acordo com Jeffrey Lambert, ainda faltava, no entanto, investigação empírica sobre os efeitos da redução do uso das redes sociais para o “bem-estar, depressão e ansiedade”. “Para colmatar estas falhas, este estudo [publicado em Maio na revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking]​ pretende perceber o impacto de uma semana de pausa de redes sociais no bem-estar, depressão e ansiedade, comparando-o com o uso habitual de redes sociais.”

Para isso, foram seleccionados 154 participantes entre os 18 e os 72 anos que afirmavam usar redes sociais todos os dias. Em seguida, foram divididos em dois grupos: de um lado, os que não puderam utilizar redes sociais durante uma semana; do outro, os que continuaram a usá-las como habitualmente. Em média, a amostra da população analisada entregava oito horas da sua semana às redes sociais.

No princípio e no final dessa semana preencheram questionários sobre bem-estar, depressão e ansiedade. O primeiro grupo — os que se afastaram das redes sociais — demonstrou melhorias significativas em relação ao seu nível de bem-estar psicológico.

Numa segunda conclusão, diferentes plataformas parecem estar relacionadas com diferentes efeitos prejudiciais à saúde. “Por exemplo, os nossos resultados mostram que a redução do tempo passado no Twitter e no TikTok pode atenuar sintomas de depressão”, sendo que a saída do TikTok reduz também sintomas de ansiedade.

Os autores do estudo sublinham, no entanto, que o estudo tem limitações: apenas participaram nesta experiência pessoas que estavam, à partida, disponíveis para se afastar das redes sociais. Continuam a ser necessárias investigações semelhantes mas a longo prazo, assim como estudos sobre a utilidade destas estratégias em contexto clínico, concluem.

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