Eslováquia torna-se primeiro país da UE a assinar acordo judicial com Taiwan
A China tem vindo a aumentar a pressão sobre Taiwan, retaliando contra países que estabeleçam contactos oficiais com o território.
Taiwan e Eslováquia assinaram um acordo de cooperação judicial, em matéria civil e comercial, no primeiro documento do género celebrado entre a ilha e um país da União Europeia (UE), informaram esta quinta-feira fontes oficiais.
O acordo foi assinado no Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, na presença do principal representante da ilha no país europeu, David Lee, e o seu homólogo eslovaco em Taipé, Martin Podstavek, informou a agência oficial de Taiwan CNA.
Uma delegação eslovaca que visita a ilha e os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Justiça de Taiwan, Joseph Wu e Tsai Ching-hsiang, respectivamente, também participaram da assinatura.
O chefe da diplomacia taiwanesa descreveu o acordo como mais um “marco extraordinário” nas relações bilaterais, que proporciona às duas partes um quadro adequado de cooperação em matéria judicial e “amplia” a liberdade e os direitos dos cidadãos da ilha.
De acordo com o ministério da Justiça de Taiwan, o documento prevê que as duas partes partilhem informações sobre questões jurídicas nas áreas civil e comercial, e estabelece reuniões regulares para facilitar a cooperação nessas áreas.
Actualmente, Taiwan mantém relações diplomáticas com 14 países: Guatemala, Honduras, Vaticano, Haiti, Paraguai, Essuatíni, Tuvalu, Nauru, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, Belize, Ilhas Marshall e Palau.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território, e não uma entidade política soberana, e ameaça usar a força caso a ilha declare independência.
Pequim intensificou a pressão militar, económica e diplomática sobre Taiwan desde que a líder taiwanesa, Tsai Ing-wen, de um partido tradicionalmente pró-independência, assumiu o poder, em 2016. As autoridades reagem com medidas de retaliação contra países que estabelecem contactos oficiais com o território.
Tsai quer criar uma identidade nacional taiwanesa distinta da China e recusa-se a reconhecer o Consenso Pequim - Taipé de 1992, que afirma a unidade da ilha e do continente chinês no âmbito do princípio “uma só China’”.