Nações do Pacífico resolvem disputa interna para se focarem na resposta ao interesse das potências na região

Seis países do Fórum das Ilhas do Pacífico chegam a acordo sobre diferendo sobre liderança da organização e propõem reformas, numa altura em que a China acena com um pacto de segurança.

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Navio chinês ao largo do porto de Suva. Capital fijiana vai receber a cimeira do Fórum das Ilhas do Pacífico entre os dias 12 e 14 de Julho Reuters

Seis países do Fórum das Ilhas do Pacífico chegaram esta terça-feira a acordo para ultrapassarem uma enorme disputa que estava a bloquear a organização. Para além disso, propuseram algumas reformas que dizem que vão fortalecer a solidariedade entre os membros e reforçar a sua posição “contra as pressões internas e externas”.

O anúncio é particularmente relevante por acontecer numa altura em que a República Popular da China, por um lado, e a Austrália e os Estados Unidos, por outro, estão a olhar para a região como um palco privilegiado para o seu particular braço-de-ferro geopolítico e para a expansão da sua influência.

Apesar da visita recente do ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, a oito nações do Pacífico, Pequim não conseguiu convencer os seus líderes a juntarem-se à China numa parceria de segurança alargada.

Fundado em 1971 como plataforma de diálogo diplomático intergovernamental, o Fórum é composto por 18 nações insulares do oceano Pacífico, incluindo a Austrália, a Nova Zelândia e vários países com diferentes raízes culturais e geográficas – alguns dos membros, por exemplo, ainda reconhecem Taiwan como representante legítima do poder político chinês.

A organização estava, no entanto, envolta numa contenda interna desde o ano passado por causa do processo de escolha de Henry Puna (ex-primeiro-ministro das Ilhas Cook) para secretário-geral, que levou alguns dos seus membros a suspenderem a filiação.

Nesta terça-feira, os líderes políticos da Samoa, das Ilhas Cook, dos Estados Federados da Micronésia, de Palau, das Ilhas Marshall e das Ilhas Fiji reuniram-se neste último país para resolverem o conflito, tendo chegado a acordo para que Puna complete o seu mandato até ao fim, sendo depois substituído por um representante da Micronésia, em 2024.

“A família mantém-se unida”, celebrou Mark Brown, primeiro-ministro das Ilhas Cook, citado pela ABC Radio Australia.

Segundo a Reuters, o primeiro-ministro das Fiji, Frank Bainimarama explicou que um dos objectivos imediatos do encontro desta terça-feira é fazer com que as reformas propostas pelos seis países sejam aprovadas pelos restantes Estados-membros na cimeira do Fórum das Ilhas do Pacífico, de 12 a 14 de Julho, em Suva, capital fijiana.

Num comunicado conjunto, os líderes dos Estados Federados da Micronésia, das Ilhas Marshall e de Palau adiantaram que as vão aprovar.

“Uma nuvem negra desapareceu do Pacífico”, assegurou David Panuelo, Presidente da Micronésia, sublinhando que o Pacífico “vai ficar mais forte contra as pressões externas e internas”.

Panuelo foi um dos dirigentes políticos da região que apelou directamente aos restantes países para rejeitarem o pacto de segurança chinês.

“Para além do impacto na nossa soberania, os efeitos práticos do controlo chinês sobre as nossas infra-estruturas de comunicação, sobre o nosso território oceânico e os seus recursos, e sobre o nosso espaço de segurança são o aumento das probabilidades de a China entrar em conflito com a Austrália, o Japão, os Estados Unidos e a Nova Zelândia”, alertara o Presidente da Micronésia, numa carta enviada a 21 líderes do Pacífico.

Com Reuters

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