Portugal quer mais que duplicar produção nacional de cereais

Ministra da Agricultura diz que “Portugal não tem condições naturais, de solo e de clima, para poder ser competitivo com outras geografias, nomeadamente até ao nível da Europa”, mas pode aumentar autonomia.

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A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, durante a visita a um campo de trigo LUSA/NUNO VEIGA

A ministra da Agricultura disse este sábado, em Leiria, que Portugal tem uma estratégia para mais que duplicar a produção nacional de cereais, acreditando que não haverá escassez do produto no país.

“Portugal produz actualmente 18% dos cereais que consome. Há uma estratégia para aumentar até 38%. Portugal não tem condições naturais, de solo e de clima, para poder ser competitivo com outras geografias, nomeadamente até ao nível da Europa”, mas pode aumentar autonomia, adiantou Maria do Céu Antunes, que esteve hoje na inauguração do Mercado Municipal de Leiria.

Segundo a governante, o objectivo é “aumentar a autonomia estratégica”, que acredita ser possível “através de um conjunto de investimentos” que irão “estimular os agricultores a fazer, seja do ponto de vista da inovação, do desenvolvimento tecnológico, para melhorar a qualidade dos solos, que são pobres, seja para a disponibilização de água”, para haver “cereais regados”.

O Governo irá ainda disponibilizar um apoio financeiro “para que estes produtores possam fazer esta opção quando tiverem de fazer as suas sementeiras”.

Maria do Céu Antunes disse também que foram encontrados mercados alternativos à Ucrânia para a importação de cereais, nomeadamente América do Norte, América do Sul e África do Sul: “neste momento, estão garantidas as condições para não haver falhas nos nossos stocks e no abastecimento de cereais em Portugal”.

A ministra explicou que a aposta no sector primário é o “grande desígnio” e referiu que Portugal tem vindo a “equilibrar um desequilíbrio que é estrutural da balança comercial”.

“Mesmo durante a pandemia, as exportações portuguesas continuaram a aumentar a um ritmo de 5% ao ano, semelhante ao que vinha a acontecer nos últimos dez anos. E já no primeiro trimestre deste ano, as exportações do complexo agro-alimentar subiram mais de 13%, sem deixar de alimentar os portugueses, pese embora também as importações vão crescendo, mas crescem a um ritmo menor, o que tende a equilibrar esta balança comercial”, sublinhou.

A ministra anunciou que a partir de Janeiro de 2023, haverá um “novo pacote financeiro com regras novas para estimular precisamente a agricultura e a transformação em Portugal”.

“O que queremos verdadeiramente é, não só promover o rejuvenescimento do sector, mas ajudar os nossos agricultores a fazerem uma transição agro-ambiental, ou seja, utilizar a tecnologia e o conhecimento para produzir mais, usando menos recursos e com isso ganharem também competitividade”.

Ao visitar o novo mercado de Leiria, Maria do Céu Antunes salientou o papel do cidadão, que é quem “faz a escolha alimentar” e que, por isso, pode “promover o sector agrícola”.

“Por isso, a necessidade de ter esta aposta, o cidadão e o território, para podermos estimular a pequena agricultura e uma agricultura também mais competitiva. Os produtores fazem um trabalho de excelência, que temos de optimizar e incentivar para continuarem a fazer este trabalho fantástico que tem contribuído para alimentar Portugal, a Europa e o Mundo. A excelência dos nossos produtos tem o reconhecimento não só nacional, mas também internacional”, rematou.

No final da visita, Maria do Céu Antunes recebeu uma carta de um dos elementos da União dos Agricultores do Distrito de Leiria, que expõe alguns dos problemas do sector nomeadamente, os altos custos de produção, com o aumento dos adubos, rações, fitofármacos, electricidade e combustíveis, assim como o escoamento da produção agrícola e florestal a baixos preços.

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