Vladimir Putin tem “crença quase messiânica em si mesmo”, diz Hillary Clinton

A antiga secretária de Estado norte-americana criticou o Presidente russo pela posição “messiânica” e pela não aceitação de críticas, nomeadamente aquelas feitas por mulheres. Relembrou ainda a polémica das eleições russas e a visão do “Império Russo” de Putin.

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Hillary Clinton sublinha que Putin acredita que "nasceu para recuperar o Império Russo" Reuters/CARLOS BARRIA

“Vladimir Putin tem uma crença quase messiânica sobre si próprio” e não gosta de ser criticado, nomeadamente por mulheres, afirmou Hillary Clinton, antiga secretária de Estado e ex-candidata à presidência nos EUA.

“Putin não gosta de críticos, sobretudo mulheres que o critiquem”, defendeu Clinton, num painel de debate no Hay Festival, um evento de literatura e artes no País de Gales. Ainda assim, relembrou que conseguiu “alguns desenvolvimentos positivos” quando trabalhou em estreita colaboração com Putin entre 2009 e 2013, quando aquele era primeiro-ministro da Rússia, mas que a relação azedou quando ela criticou as eleições “descaradamente tortuosas” que o devolveram à presidência em 2012.

Depois dessa crítica, “Putin tornou-se muito agressivo em relação a mim e, como sabemos, por muito que diga o contrário, levou a cabo enormes esforços para garantir que Trump era eleito, por quaisquer meios que fossem necessários” afirmou Clinton, citada pelo The Guardian.

Nas interacções que teve com Putin, Clinton afirma ter testemunhado “a crença quase messiânica que Putin tem sobre si próprio e sobre aquilo que acredita que está destinado a tornar-se”. Acrescentou ainda que o Presidente russo acredita ter nascido para cumprir o objectivo de “recuperar o Império Russo”.

Daí, de seguida, ter declarado: “Quando invadiu a Ucrânia, infelizmente não fiquei surpreendida. Fiquei muito surpreendida, porém, pela capacidade de defesa da Ucrânia e do Presidente Zelensky.”

A ex-candidata presidencial nos EUA também considerou positivo que a NATO se tenha unido para fornecer armamento aos ucranianos, o que confirmou, a seu ver, “a necessidade de manter as instituições que temos e tentar torná-las cada mais eficazes para o futuro”. Observou ainda que, caso Trump tivesse retomado o seu cargo em 2020, provavelmente teria retirado os EUA da NATO.

Clinton terminou a sua intervenção pedindo a criação de um tribunal semelhante aos realizados após as guerras dos Balcãs e o genocídio de Ruanda para responsabilizar os russos individualmente pelos seus crimes de guerra, embora tenha reconhecido que é “sempre difícil perseguir um chefe de Estado”.

Sobre a Rússia, lançou um repto para serem criadas condições de forma a serem “ouvidas as vozes de todos os russos” e de serem, também, “contados todos os seus votos”, pedindo um acto eleitoral que “cumpra os padrões internacionais”.

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