Mortalidade no mês de Maio é a mais elevada em 40 anos

Morreram mais de 10 mil pessoas no último mês, um valor mais próximo do que acontece habitualmente em meses de Inverno. Covid-19 sozinha não explica estes números.

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Daniel Rocha

Morreram 10.315 pessoas no mês de Maio, considerando todas as causas de morte. É o número mais elevado para este mês desde, pelo menos, 1980. Os dados são da Plataforma Nacional de Vigilância de Mortalidade, que recebe dados dos certificados de óbito emitidos diariamente no país. Destas, apenas 863 pessoas faleceram com covid-19.

Estes números são publicados esta quinta-feira pelo jornal i, que não encontrou nos dados do Instituto Nacional de Estatística, um mês de Maio entre 1980 e 2022 em que a mortalidade tenha atingido estes números. São mais de 10 mil pessoas, dados mais habituais em meses de Inverno.

Mesmo contando com Maio de 2020, ainda na primeira fase da pandemia, nos últimos cinco anos registaram-se, em média, 8864 óbitos neste mês, pelo que no mês passado houve mais 1500 mortes do que o histórico, segundo o mesmo jornal.

Em Maio, morreram 863 pessoas com covid-19, 18 vezes mais do que em igual período do ano passado, de acordo com dados pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) na quarta-feira.

Como o PÚBLICO adiantou na semana passada, houve seis grandes períodos de excesso de mortalidade por todas as causas, no primeiro ano da pandemia de covid-19 e mais 14% de óbitos (15.526) do que seria de esperar face à média dos seis anos anteriores, segundo a DGS.

No período considerado pela DGS (que vai de 30 de Dezembro de 2019 até 3 de Janeiro de 2021, uma vez que para este tipo de análise é necessário comparar semanas), o elevado número de óbitos acima do esperado verificou-se durante quase todo o ano, mesmo na Primavera e no Outono, fora das épocas em que este fenómeno habitualmente ocorre - o Inverno (devido ao frio e às epidemias de gripe sazonal) e o Verão (ondas de calor).

Nas 53 semanas analisadas no relatório sobre a “Mortalidade Geral e por Grandes Grupos de Causas” a que o PÚBLICO teve acesso, 7364 óbitos (5,9% do total) foram atribuídos directamente à covid-19 - casos em que a doença é causa básica de morte por ter dado início à cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram ao óbito, de acordo com as regras da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde afirmou, entretanto, que a “a mortalidade não deve ser avaliada nem analisada isoladamente, ano a ano”.​ “A mortalidade deve ser avaliada numa coorte, num determinado número de anos, para que se possa fazer uma análise mais detalhada, mais gradual, mais progressiva, daquilo que são, de facto, as verdadeiras causas dessa mortalidade. Devemos esperar por outros estudos da Direcção-Geral de Saúde, estudos que façam uma avaliação no tempo e durante um conjunto de anos, para que depois se possam tirar as conclusões correctas sobre essa mortalidade”, disse António Lacerda Sales.

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