Arcebispo de Cantuária diz que príncipe André está a tentar “fazer as pazes”

Justin Welby destacou a importância do perdão, apelando a “uma sociedade mais aberta e compreensiva”, em entrevista a um canal de notícias britânico.

Foto
O príncipe André foi acusado de ter abusado sexualmente de uma menor há duas décadas EPA/WILL OLIVER (Arquivo)

O arcebispo de Cantuária​ disse, em entrevista à ITV News, que o príncipe André, filho da rainha Isabel II, está a tentar “fazer as pazes”, na sequência das acusações de abuso sexual de menor de que foi alvo e que terminaram com o pagamento de uma quantia não especificada à queixosa, Virginia Guiffre.

“Agora, com o príncipe André, penso que todos nós temos de nos afastar um pouco. Ele está a procurar fazer as pazes e penso que isso é uma coisa muito boa”, considera Justin Welby.

O bispo sénior da Igreja Anglicana destacou ainda a importância do perdão “numa sociedade muito implacável”. “Uma das nossas formas de celebração quando nos reunimos é aprender a ser uma sociedade mais aberta e compreensiva”, acrescentou.

Contudo, durante a entrevista, o responsável religioso reconheceu que “há sentimentos muito profundos” no que toca a questões de abuso sexual. Por serem “intensamente pessoais e privadas”, não é correcto “dizer às pessoas como devem responder a isso”, continua. É um conselho que se estende a Isabel II, que foi acompanhada pelo príncipe André à cerimónia em memória do príncipe Filipe, em Março. Welby considera que a monarca e chefe da Igreja Anglicana​ estava no seu “pleno direito” de assim decidir.

Um príncipe envolto em escândalos

O príncipe André retirou-se da vida pública depois de ter visto o seu nome relacionado com o escândalo sexual de Jeffrey Epstein, de quem era amigo, e de ter sido acusado de abusos sexuais por Virginia Guiffre. A norte-americana apresentou queixa, relatando que o duque de Iorque teve relações sexuais não consentidas consigo quando tinha 17 anos.

Foto
O príncipe André com Virginia Giuffre, em casa de Ghislaine Maxwell DR

O príncipe alegou nunca ter conhecido a mulher em causa, mas uma fotografia mostra-o ao lado de Virginia Guiffre em casa de Ghislaine Maxwell, a parceira de Epstein, condenada em Dezembro depois de um júri a ter considerado culpada de cinco crimes, incluindo tráfico sexual de menores. ​O caso contra André acabou por não chegar a tribunal, com o príncipe a pagar um valor não especificado, no início deste ano, à advogada. O duque de Iorque, porém, não assumiu ter cometido qualquer crime.

Na sequência das acusações, André perdeu os seus títulos militares. Deixou ainda de usar publicamente o título de “sua alteza real”, que lhe foi conferido em 1986.

Como tal, o príncipe André não deve aparecer nas celebrações desta quinta-feira, nas quais se realiza a tradicional parada militar anual Trooping the Colour, que conta com a presença da família real. Como parte das comemorações do Jubileu de Platina de Isabel II, seguem-se um serviço de acção de graças na Catedral de São Paulo, um concerto no Palácio de Buckingham e um desfile pela capital.

O arcebispo de Cantuária​ era o responsável pelo sermão de acção de graças na catedral esta sexta-feira, mas testou positivo à covid-19 e, por isso, vai ser substituído pelo arcebispo de Iorque, Stephen Cottrell. Quando questionado em relação aos 70 anos de Isabel II no trono, Justin Welby declarou, à ITV News, que o marco constitui “algo extraordinário de celebrar”. “Penso que vai levantar o ânimo das pessoas”, assegurou.

Aos 96 anos, celebrados a 21 de Abril, Isabel II é a monarca viva há mais tempo no trono em todo o mundo — e a terceira com o reinado mais longo de todos os tempos. Tornou-se rainha em 6 de Fevereiro de 1953, com a morte do pai, Jorge VI. Em Setembro de 2015, ultrapassou o período de tempo que a sua trisavó, a rainha Vitória, esteve no trono.


Texto editado por Carla B. Ribeiro

Sugerir correcção
Comentar