Cinzas no deserto

Um garoto sem pai a descobrir, com toda a ambiguidade do espanto, um avatar da autoridade masculina: A Caixa, de Lorenzo Vigas

Foto
Vigas não explicita nada, ficamos com um miúdo e uma caixa de cinzas

Quase tudo é diferente entre A Caixa e o filme por que em Portugal conhecemos o venezuelano Lorenzo Vigas, À Distância. Especialmente, o cenário: em vez dos pardacentos subúrbios de Caracas, a imensidão deserticamente western das paisagens do estado de Chihuahua, no México, com as suas fábricas, os seus trabalhadores migrantes e explorados, e as suas valas comuns onde muitos desses desgraçados vão parar, apanhados entre o despotismo patronal e os esbirros do narcotráfico (embora o filme sugira que, neste caso, o narcotráfico tem as costas largas). O que não muda é uma questão de esqueleto, de estrutura que norteia a narrativa: um miúdo fascinado com uma figura paternal, um garoto sem pai a descobrir, com toda a ambiguidade do espanto, um avatar da autoridade masculina.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 1 comentários