Forças russas controlam parte de Severodonetsk mas combates continuam

Separatistas admitem que a conquista da cidade está a demorar mais tempo do que o previsto. Cerca de 12 mil pessoas estão encurraladas entre os tiroteios e o bombardeamento constante.

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Soldados em veículos e num tanque nos arredores de Lysychansk, a cidade gémea de Severodonetsk Rick Mave/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

As forças ucranianas resistiam esta terça-feira na cidade de Severodonetsk ao grande ataque da Rússia para capturar o deserto bombardeado em que as forças russas transformaram o seu principal objectivo da invasão nestes últimos dias.

Ambos os lados afirmam que os soldados russos controlam agora entre um terço e metade da cidade. Os separatistas pró-russos reconheceram que a conquista está a demorar mais tempo do que esperavam, apesar de uma das maiores ofensivas terrestres desta guerra.

Analistas militares ocidentais dizem que Moscovo concentrou todos os homens e poder de fogo da frente em Severodonetsk, esperando que uma ofensiva em grande escala na pequena cidade industrial consiga atingir aquilo que a Rússia quer, garantindo o controlo da província de Lugansk para os separatistas por procuração.

“Podemos já dizer que um terço de Severodonetsk está sob nosso controlo”, afirmou, citado pela agência de notícias russa TASS, Leonid Pasechnik, o líder da república popular de Lugansk pró-russa.

Há combates dentro da cidade, mas as forças russas não estão a avançar tão rapidamente como estariam à espera, disse, justificando o atraso com o facto de as forças pró-russas pretenderem “manter a infra-estrutura da cidade” e estarem a agir mais lentamente por causa das fábricas de produtos químicos.

O presidente da câmara, Oleksandr Stryuk, disse que os russos controlam agora meia cidade. “Infelizmente… a cidade foi dividida em duas. Mas, ao mesmo tempo, a cidade continua a defender-se. Ainda é ucraniana”, disse, aconselhando as pessoas encurraladas em Severodonetsk a manterem-se nas caves, até porque já não é possível retirá-las.

O último esforço das autoridades ucranianas para retirar civis, na segunda-feira, redundou na morte de um jornalista francês, atingido por estilhaços de uma explosão.

O governador regional, Serhiy Gaidai, também se referiu aos milhares de civis encurralados na cidade e ao avanço lento da tropa russa em direcção ao centro.

A Ucrânia afirma que a Rússia destruiu quase todas as infra-estruturas principais de Severodonetsk com um bombardeamento implacável, seguido de um assalto terrestre em massa com grande número de baixas.

No entanto, Gaidai garantiu que não parece haver risco de as forças ucranianas ficarem cercadas, embora admita que possam ter que recuar, cruzando o rio Siverskyi Donets​, até Lysychansk, a cidade gémea na outra margem.

Jan Egeland, secretário-geral da Norwegian Refugee Council, a organização que há muito opera a partir de Severodonetsk, afirmou-se “horrorizado” pela destruição. “Tememos que até 12 mil civis permaneçam presos no tiroteio na cidade, sem acesso suficiente a água, comida, medicamentos ou electricidade. Os bombardeamentos quase constantes estão a forçar os civis a procurar refúgio em caves e abrigos antibomba, com poucas oportunidades preciosas para tentar fugir”, disse Egeland.

Noutros lugares do campo de batalha, há alguns relatos de mudanças. No Leste, a Ucrânia diz que Moscovo está a tentar atacar outras áreas na principal linha da frente, reagrupando os seus homens para avançar em direcção a Solviansk. No Sul, Kiev alega que conseguiu nos últimos dias fazer recuar as forças russas nas margens do rio Inhulets, uma das fronteiras da província de Kherson, dominada pela Rússia. Reuters

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