Festival Aleste: O melhor dia de praia teve pouco mar, mas muita boa onda

O evento voltou à praia da Barreirinha, no Funchal, na sua primeira edição pós-pandemia.

Depois de dois anos de interrupção causada pela pandemia, o festival Aleste voltou ao Funchal
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Depois de dois anos de interrupção causada pela pandemia, o festival Aleste voltou ao Funchal Ana Viotti
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Pelo palco passaram Rosi Alena e Lula Pena, João Não & Lil Noon, Ms Nina, e, a encerrar o dia, o funk carioca de MC Carol Ana Viotti
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Não faltam pretextos neste último sábado de Maio para descer os quatro lances da escadaria em ziguezague da praia da Barreirinha, no Funchal, que terminam no solário junto ao mar. Éloise, 43 anos, francesa de Lyon, veio atraída pela música. “Estávamos a regressar ao hotel quando começamos a ouvir uma batida muito suave. E viemos ver o que se passava”, conta ao PÚBLICO. Debruçaram-se sobre o muro, ela e o marido, e o que viram foi uma festa. “Parecia uma coisa privada, de amigos. Perguntamos se podíamos descer, e cá estamos. É lindo, lindo”, entusiasma-se Éloise, ajeitando na cabeça a viseira de uma das marcas que patrocinam o festival.

No palco, a actuação de Pedro da Linha & Álvaro Romero está prestes a terminar. O projecto luso-espanhol, ou ibérico como se apresenta, mistura fado, flamenco, chula, para depois entregar o resultado embalado numa sonoridade electrónica.

Francisco, 48 anos, está a gostar. Veio com o filho João de nove anos para passar uma tarde diferente. “Gostamos muito de música; e ele de dançar”, e aponta para o filho. Bem parecem estar também Frederica - “é um dia bom, com gente boa” - e Maria João, que veio de Lisboa de propósito para o Aleste, o festival que desde 2013 enche a praia da Barreirinha. “Estive cá há quatro anos e adorei. Repeti no ano seguinte, mas depois meteu-se a covid-19 e voltei agora. Venho rever amigos e aproveitar isto”, diz Maria João, e num gesto expande os braços a toda a largura da praia, onde já se passeiam também os nadadores-salvadores por entre grupos que comem os famosos hambúrgueres do Barreirinha Bar Café. E os jovens (e menos jovens) que saem da zona dos estúdios de tatuagem, com uma recordação marcada na pele.

Todos são bem-vindos, independentemente da idade garante Diogo Freitas, um dos rostos do festival que organiza desde 2013. A primeira edição foi no rooftop de um edifício histórico da capital madeirense, e só depois, no ano seguinte, o festival encontrou “a sua casa” no Complexo Balnear da Barreirinha, na zona velha do Funchal.

Festival pós-pandemia

A ideia inicial, recorda Diogo Freitas, era trazer abordagens sonoras que não tivessem ainda encontrado espaço na ilha, e que não encaixam em festivais como o Summer Opening, que em Julho toma conta do Parque de Santa Catarina, num registo mais pop, ou o Aqui Acolá, na Ponta do Sol. Para este ano, existia alguma expectativa para o Aleste, em muito devido ao facto de ser uma edição no pós-pandemia - em 2020 o festival foi cancelado; e no ano passado as precauções sanitárias obrigaram a restrições do espaço, já de si limitado a 1000 pessoas. Para 2022, “não sabíamos bem o que esperar, e por isso estamos muito satisfeitos por esta adesão”, diz Diogo Freitas apontando para mais de 700 pessoas no recinto.

São quase 20 horas, e o festival vai a meio. Pelo palco já passaram Rosi Alena e Lula Pena. Ainda vão lá chegar João Não & Lil Noon, Ms Nina, e, a encerrar o dia, o funk carioca de MC Carol. O Aleste, prometia a organização este ano, marca o regresso “à vida airada”, aos “mergulhos no mar”, ao prazer de dançar. Em ano de recuperação, e condicionado sempre pela questão logística e económica das viagens aéreas e das estadias, o Aleste privilegiou os projectos musicais mais pequenos, mais intimistas, como o da londrina Rosie Alena ou a exuberância da argentina Jorgelina Torres​ aka Ms Nina. “Queríamos até que fossem todos femininos, mas não conseguimos por questões de agenda.” Mesmo assim, dos seis “actos”, quatro têm mulheres como protagonistas. Todos, com uma vocação mais electrónica.

O público reage bem. “As pessoas vão ao Aleste pelo Aleste. Um artista pode acrescentar mais algum público, mas no geral as pessoas estão cá pelo festival”, diz Diogo Freitas. A organização esforça-se por dar uma “experiência Madeira” a quem vem. Há o mar – o festival cheira intensamente a mar, como só uma ilha consegue –, há o rum regional, o Vinho Madeira, a cerveja Coral, a poncha, os hambúrgueres (são mesmo fantásticos, os hambúrgueres!) e um palco como que a flutuar sobre o azul.

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