Covid-19: DGS define quem pode tomar fármacos antivirais com disponibilidade reduzida

São elegíveis para tratamento com antivirais as pessoas com doença ligeira a moderada ainda com factores de risco de progressão para doença grave e que se encontrem nos primeiros cinco dias de sintomas, especifica a Direcção-Geral da Saúde

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Os antivirais não substituem a vacinação contra a covid-19, avisa a DGS Paulo Pimenta

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) definiu esta segunda-feira as orientações para o tratamento com medicamentos antivirais e anticorpos monoclonais contra a covid-19 para as várias fases da doença (ligeira, moderada e grave). Estes fármacos têm ainda uma disponibilidade reduzida a nível mundial e não constituem uma alternativa à vacinação, sublinha a DGS numa norma esta segunda-feira publicada.

Tendo em conta a limitada disponibilidade destes fármacos, a direcção-geral liderada por Graça Freitas salienta ser necessário identificar os doentes com maior benefício para cada opção de tratamento com os fármacos disponíveis em cada fase e estádio de gravidade da doença.

“Actualmente dispomos de uma elevada cobertura vacinal, eficaz na prevenção de doença grave e morte para a maioria das pessoas infectadas por SARS-CoV-2. Assim, numa primeira fase, perante a disponibilidade ainda reduzida destes medicamentos, são elegíveis para tratamento com medicamentos antivirais as pessoas com doença ligeira a moderada (confirmada laboratorialmente), que ainda tenham factores de risco clínico de progressão para doença grave, e se encontrem nos primeiros cinco dias de sintomas”, explica a DGS.

“São consideradas pessoas em risco clínico de progressão para doença grave as pessoas com imunodepressão grave (mesmo se vacinadas) e as pessoas que, não tendo esquema vacinal primário completo, tenham idade avançada ou as patologias definidas na norma.

Nos últimos dois anos, a Agência Europeia de Medicamentos tem aprovado a utilização de vários medicamentos para as diferentes fases de gravidade da covid-19, desde antivirais - como remdesivir e nirmatrelvir/ritonavir - a anticorpos monoclonais dirigidos para o SARS-CoV-2 - como casirivimab/imdevimab, sotrovimab e regdanvimab -, tendo ainda dado `luz verde´ a vários fármacos previamente autorizados para outras doenças - caso do tocilizumab e do anacinra.

Actualmente a grande maioria das pessoas contagiadas pelo SARS-CoV-2 desenvolve uma infecção pouco sintomática, não necessitando de terapêutica específica para a covid-19, refere a norma. “Contudo, alguns grupos de pessoas com doença ligeira a moderada, mesmo que se mantenham em autocuidados em ambulatório ou que estejam internadas por outros motivos, ainda permanecem vulneráveis à progressão para doença grave, justificando uma intervenção atempada (com terapêutica antiviral) de modo a prevenir a evolução da doença”, justifica.

De acordo com a DGS, já os doentes que desenvolvem doença moderada a grave com necessidade de oxigenoterapia e doentes com evolução para doença crítica, que precisam de suporte ventilatório, “necessitam de outro tipo de terapêuticas com um racional adequado à fase hiper-inflamatória em que se encontram”.

A norma refere que o tratamento específico para a covid-19 assenta assim numa avaliação clínica individualizada, dependendo a prescrição do tratamento da fase da infecção, da gravidade clínica da doença e do risco de progressão para falência respiratória e ou morte.

Para a doença ligeira a moderada, identifica os grupos de doentes que mais beneficiam com os medicamentos que se revelaram eficazes, de acordo com os dados disponíveis até ao momento.

A prescrição dos anticorpos monoclonais anti-SARS-CoV-2 apenas pode ser efectuada em contexto hospitalar, sendo que a administração será feita preferencialmente em hospital de dia, em local supervisionado por médico e enfermeiro, com formação e treino em suporte avançado de vida, devendo estar disponível o equipamento e material de emergência.

Atendendo à disponibilidade destes medicamentos e à situação epidemiológica, nomeadamente no que respeita às variantes em circulação do coronavírus, esta norma será sempre actualizada em consonância, acrescenta DGS.

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