JR CHUO, o artista luso-britânico que conquistou a Forbes com obras inspiradas nos corais

Para promover mudanças de hábitos pela protecção do planeta, JR CHUO cria obras de corte de papel inspirado no branqueamento dos corais. Aos 19 anos, é a personalidade mais jovem na categoria “Artes e Cultura” da lista 30 Under 30 de 2022 da revista Forbes.

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Tudo começou na escola, há sete anos, quando Joseph Vasconcelos Reed aprendeu sobre o branqueamento dos recifes de corais numa aula de Geografia. Sensibilizado, o luso-britânico começou a produzir obras de arte a partir de cortes de papel inspiradas nos aspectos visuais e formas destes seres marinhos para promover a consciencialização. Os recortes abstractos feitos à mão são pintados com tintas vibrantes que remetem para os pigmentos libertados por certas espécies em sinal de stress antes de serem branqueadas pelo aquecimento das águas.

Esse retrato sensível concedeu a JR CHUO, nome artístico do jovem de 19 anos, duas distinções pela revista Forbes na lista de 30 Under 30 Europe 2022 nas categorias “Artes e Cultura”, onde é a personalidade mais nova, e “Mais jovens”. “Isso é uma oportunidade para mostrar a outros artistas jovens que eles podem conseguir estas coisas antes de terem 20 anos”, confessa ao P3. Na lista, estão também o tiktoker Khaby Lame, a jornalista ucraniana Anastasiia Lapatina, além dos membros da banda italiana vencedora da Eurovisão 2021, Måneskin.

CHUO espera que a “beleza trágica” das suas criações inspire pessoas a mudar hábitos pela protecção do planeta. “É muito importante para mim que as minhas peças mostrem a delicadeza e a beleza dos corais”, conta. “Eles são muito importantes para o clima e a maioria das pessoas não sabe da sua importância para o nosso futuro.” Parte dos lucros é destinada à organização sem fins lucrativos Coralive, que trabalha na protecção de recifes de corais.

A paixão de CHUO pelo corte de papel começou em 2015, aquando de uma viagem ao Japão, onde conheceu o Ise katagami, uma técnica de stencil usada para tingir quimonos. Quando regressou a Inglaterra, começou a praticar a técnica por conta própria e nunca mais parou. “O papel é muito importante para mim, porque é uma forma de arte que está a morrer.”

Arquivo pessoal
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Além de artista, CHUO frequenta o curso de Estudos Japoneses — Estudos da Ásia e do Médio Oriente na Universidade de Cambridge, onde aprende sobre aspectos da cultura japonesa e a arte do recorte de papel. Os meus estudos na universidade ajudam muito a minha arte”, admite.

Cada peça é formada por milhares de cortes e o processo de criação pode demorar meses ou até anos. Com quase dois metros de altura, a maior obra de CHUO, Shinjuku, pesa 45 quilos e levou dois anos para concluir. “Eu cortava aquilo depois da escola, durante uma ou duas horas por dia, só quando tinha tempo. Tem para aí 20 mil formas pequenas. É a minha peça preferida”, revela.

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E apesar de ser complexo, CHUO diz que o tempo de criação é um momento de relaxamento: “Criar essas peças dá-me um tempo de silêncio para eu relaxar. Gosto de me sentar e passar umas horas a cortar. Todas as emoções que eu tenho no momento consigo expressá-las nas minhas peças”. De Milão a Tóquio, o jovem já expôs seu trabalho em seis países e vendeu mais de 150 peças, esgotando três colecções.

“Estou neste momento a criar uma nova colecção de trabalhos”, conta. O próximo quadro de JR CHUO tem um metro de altura e vai estar em exposição em Londres, na The Other Art Fair, no início de Julho.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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